Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo
14.05.2013 • Views
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Cena IV<br />

(Inês)<br />

INÊS - Está bem avia<strong>do</strong>... Quan<strong>do</strong> voltares, hás <strong>de</strong> achar a porta fechada. Safa! Que maça<strong>do</strong>r! Agora,<br />

tratemos <strong>de</strong> sair: são mais que horas. (Aparece à porta um carteiro.)<br />

Cena V<br />

Inês, o Carteiro<br />

O CARTEIRO - Boa tar<strong>de</strong>, minha senhora.<br />

INÊS - Boa tar<strong>de</strong>. O que <strong>de</strong>seja?<br />

O CARTEIRO - Aqui tem esta carta... é da caixa urbana...<br />

INÊS - Uma carta? (Receben<strong>do</strong> a carta, consigo.) De quem será? (Ao carteiro.) Obrigada.<br />

O CARTEIRO - Não há <strong>de</strong> quê, minha senhora. Passe muito bem!<br />

Inês - A<strong>de</strong>us. ( O carteiro sai.)<br />

Cena VI<br />

(Inês)<br />

INÊS - Ah! A letra é <strong>de</strong> Filipe. Faz bem em escrever-me o ingrato! Há <strong>do</strong>ze dias que nos não vemos...<br />

(Abre a carta e lê. Jogo <strong>de</strong> fisionomia. ) "Inês. Peço-te perdão por ter da<strong>do</strong> causa a que per<strong>de</strong>sses<br />

comigo o teu tempo. Ofereceram-me um <strong>casa</strong>mento vantajoso, e não soube recusar. Ainda uma vez<br />

perdão! Falta-me o ânimo para dizer-te mais alguma coisa. Dentro em uma semana estarei <strong>casa</strong><strong>do</strong>.<br />

Esquece-te <strong>de</strong> mim - Filipe." (Declaman<strong>do</strong>.) Será possível! Oh! Meu Deus! (Relen<strong>do</strong>.) Sim... cá está... é<br />

a sua letra... (Depois <strong>de</strong> ter fica<strong>do</strong> pensativa um momento.) Ora, a<strong>de</strong>us. Eu também não gostava <strong>de</strong>le lá<br />

essas coisas... Digo mais, antes o Isaías; é mais velho, mais sensato, tem dinheiro a ren<strong>de</strong>r, e Filipe<br />

acaba <strong>de</strong> me provar que o dinheiro é tu<strong>do</strong> nestes tempos. Espero aqui o Isaías com o meu "sim"<br />

perfeitamente engatilha<strong>do</strong>! Oh! O dinheiro...<br />

Recitativo<br />

Louro dinheiro, soberano esplêndi<strong>do</strong>,<br />

Força, Direito, Rei <strong>do</strong>s reis, Razão.<br />

Que ao trono teu auriluzente e fúlgi<strong>do</strong><br />

Meus pobres hinos proclamar-te vão.<br />

Do teu po<strong>de</strong>r universal, enérgico,<br />

Ninguém se atreve a duvidar! Ninguém!<br />

Rígida mola <strong>de</strong>sta imensa máquina,<br />

Fácil conduto para o eterno bem!<br />

Aos teus acenos, Deus antigo e déspota,<br />

Aos teus acenos, Deus mo<strong>de</strong>rnos e bom,<br />

Caem virtu<strong>de</strong>s e se exaltam vícios!<br />

To<strong>do</strong>s te almejam precioso Dom!<br />

Inda hás <strong>de</strong> ser o <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>iro í<strong>do</strong>lo,<br />

Inda hás <strong>de</strong> ser a só religião,<br />

Louro dinheiro, soberano esplêndi<strong>do</strong>,<br />

Força, Dinheiro, Rei <strong>do</strong>s reis, Razão!...<br />

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