14.05.2013 Views

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

Teatro de Artur Azevedo - a casa do espiritismo

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ai, que calor<br />

abrasa<strong>do</strong>r!<br />

Escal<strong>do</strong>!<br />

Isto é, talvez,<br />

noventa e três!<br />

[Cai o pano]<br />

ATO TERCEIRO<br />

O teatro representa a sala da socieda<strong>de</strong> carnavalesca Netos da Lua, no <strong>do</strong>mingo gor<strong>do</strong>. Mobília<br />

suntuosa, piano, lustre, jarras, flores, ban<strong>de</strong>iras, etc. Três janelas <strong>de</strong> sacada ao fun<strong>do</strong>, <strong>de</strong>itan<strong>do</strong> para a<br />

Rua <strong>do</strong> Viscon<strong>de</strong> <strong>do</strong> Rio Branco. Na primeira porta da esquerda, um escu<strong>do</strong> azul e branco, ten<strong>do</strong> no<br />

centro, em diagonal as iniciais N. L., e encima<strong>do</strong> por duas carrancas enlaçadas com um pano ver<strong>de</strong>.<br />

CENA I<br />

AUGUSTO, SILVA, DOUTOR CÁBULA, FONSECA, SARA, CHIQUINHA, e máscaras, <strong>de</strong>pois MACHADINHO e<br />

LUÍS<br />

(Ao levantar o pano, to<strong>do</strong>s os que se acham em cena dançam freneticamente uma valsa,<br />

acompanhada pela orquestra. Ar<strong>de</strong>m fogos-<strong>de</strong>-bengala nas sacadas. O Doutor Cábula é o único que não<br />

se acha fantasia<strong>do</strong> e mascara<strong>do</strong>.)<br />

TODOS (Depois da valsa, extenua<strong>do</strong>s e tiran<strong>do</strong> as máscaras.) - Vivam os Netos da Lua! Vivam!<br />

Vivam!<br />

DOUTOR CÁBULA (Subin<strong>do</strong> a uma ca<strong>de</strong>ira.) - Meus filhos e filhas! (Bate palma.) Atenção! (Faz-se<br />

silêncio.) Nas lutas, nas terapêuticas polares e essenciais <strong>do</strong>s sentimentos aquosos, nas nevroses<br />

contemplativas das explosões hodiernas, retumbam os <strong>de</strong>smorona<strong>do</strong>s cimentos das convulsões que<br />

produzem os infinitos cataclismas sociais. Et ego vacueretes mea tibi ajaceo. Santo Agostinho, capítulo<br />

terceiro, título quarto, artigo nono. (À parte.) Que chorrilho! (Alto.) Nas idéias principais à absorção<br />

conscienciosa <strong>do</strong>s raios solares, cifram-se os tríduos confi<strong>de</strong>nciais <strong>do</strong>s conciliábulos meditabun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong>senvolvimentos gerais, das magnitu<strong>de</strong>s <strong>do</strong> nosso parti<strong>do</strong>. - Não! não há parti<strong>do</strong>s! a banca é lisa!<br />

TODOS - Entre na questão!<br />

DOUTOR CÁBULA - Mo<strong>de</strong>rai os ânimos esquenta<strong>do</strong>s, meus filhos: ira perturbere regulamentum<br />

mente in aquare vobis. Santo Inácio <strong>de</strong> Loiola, capítulo sétimo, parágrafo décimo <strong>do</strong> Regulamento <strong>do</strong>s<br />

Bon<strong>de</strong>s da Vila Isabel!<br />

TODOS - Muito bem! Ah! Ah! Ah!<br />

DOUTOR CÁBULA (Sempre com extrema volubilida<strong>de</strong>.) - A <strong>de</strong>crepitu<strong>de</strong> senil <strong>de</strong> meu crânio<br />

vetusto resolve a algi<strong>de</strong>z <strong>do</strong>s rijos materiais à contradição palpável <strong>do</strong>s princípios imutáveis e perenes<br />

da indústria manufatureira <strong>do</strong>s abacaxis.<br />

TODOS - Ah! Ah! Ah! Bravo!<br />

DOUTOR CÁBULA - Ri<strong>de</strong>, ri<strong>de</strong>...risum est apetitum carnivoros come<strong>de</strong>re. (Isto é meu) A aurora<br />

<strong>do</strong>s tempos sublimes <strong>do</strong>s areópagos in<strong>de</strong>finíveis...<br />

AUGUSTO - Não sejas amola<strong>do</strong>r, ó Cábula! Sai daí. (Dá um pontapé na ca<strong>de</strong>ira e o Doutor Cábula<br />

cai no chão.)<br />

DOUTOR CÁBULA (Erguen<strong>do</strong>-se.) - Que cábula!<br />

SILVA (Sain<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma das sacadas, on<strong>de</strong> tem esta<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que terminou a valsa.) Aí vem o<br />

Machadinho: conheci-o pelo andar.<br />

TODOS - O Machadinho! -Ainda bem! - Já tardava! - etc.<br />

CORO - Oh! que prazer!<br />

Ele aí vem!<br />

Nós vamos rir,<br />

pois jeito tem<br />

pra divertir!<br />

vamos to<strong>do</strong>s sem <strong>de</strong>mora<br />

244

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!