03.06.2013 Views

DA INFLUENCIA DO CONHECIMENTO ORTOGRÁFICO SOBRE O ...

DA INFLUENCIA DO CONHECIMENTO ORTOGRÁFICO SOBRE O ...

DA INFLUENCIA DO CONHECIMENTO ORTOGRÁFICO SOBRE O ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Adicionalmente, os mesmos resultados permitem ainda que nos questionemos sobre um<br />

outro ponto de vista clássico da linguística teórica que, como explicitámos no capítulo<br />

IV, nos parece perfeitamente coadunável com a visão homogeneizadora: a perspectiva<br />

fonocêntrica identificada com maior clareza nos autores da linguística estruturalista,<br />

segundo a qual a "verdadeira" e única essência da linguagem consiste exclusivamente<br />

na sua representação oral, assim considerada como independente e determinante da<br />

representação escrita (Saussure, 1915:44-45; Jespersen, 1924:17, 18; Bloomfield,<br />

1933:21, 282 e ss., 295-296; Gleason, 1955:431, 449; Martinet, 1960:12-13; Câmara,<br />

1971:11; Barroso, 1999:177). Problematizar aspectos essenciais da mencionada<br />

perspectiva fonocêntrica implicará ainda, entre outras consequências, que manifestemos<br />

alguma abertura às teses de autores que, como Derrida (1967:16 e ss., 42-43 e ss.),<br />

Lemos (1988:11), Kavanagh (1991 :vii), Scliar-Cabral (1995), Tfouni (1995:48 e ss.),<br />

Freire (1997:929, 931) e Marcuschi (2000:17, 25 e ss.), se opõem à ideia de uma<br />

"grande divisa" (recorrendo à expressão usada por Tfouni, 1995:34, 47 e ss.) entre as<br />

realizações orais e as realizações escritas da língua, defendendo antes a aceitação de<br />

pontos de contacto e continuidade entre essas duas modalidades alternativas de<br />

expressão linguística.<br />

Em suma: parece-nos haver uma série de evidências que conferem um particular<br />

significado ao argumento (encontrado em Ehri (1985), Olson (1993) ou Pinto (1998),<br />

entre outros autores) que admite que as realizações orais da língua e o seu conhecimento<br />

interiorizado nos falantes são fortemente mediados - "filtrados", na esclarecedora<br />

expressão de Pinto (1998:181-182) - pelo conhecimento da imagem gráfica das<br />

palavras, o que contraria alguns pressupostos centrais quer da "visão homogeneizadora"<br />

(porquanto consubstancia a interferência de uma variável sociocultural, como a<br />

aprendizagem e o conhecimento da escrita, sobre um aspecto central do conhecimento<br />

184

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!