DA INFLUENCIA DO CONHECIMENTO ORTOGRÁFICO SOBRE O ...

Respeitando o enquadramento racionalista e anti-empirista da teoria generativa
nos moldes referidos em l.l 37 , os autores desta escola defendem que, à nascença, todos
os indivíduos são dotados de um estado da mente inicial ou zero (E0) que corresponde
precisamente à gramática universal, isto é, a um estado da mente não conforme à
gramática específica de qualquer língua particular mas, em seu lugar, ao elenco de
propriedades e restrições comuns a todas as línguas 38 (cf., p. ex.: Chomsky, 1986:44 e
ss., 62-63, 67 e ss.; 1988:3-4 e ss., 15 e ss., 27, 34; 1999:43 e ss.; Raposo, 1992:35-36).
Consequentemente, e sempre de acordo com estes mesmos autores, o desenvolvimento
do conhecimento da língua em cada sujeito é explicado como uma sucessão de "estados
da mente", desde o estado zero (E0) - equivalente à gramática universal - até ao
denominado estado estável (EE), segundo um percurso pré-determinado, largamente
independente de factores de natureza ambiental e, em consequência, altamente
invariável de sujeito para sujeito (Chomsky, 1986:44 e ss., 62-63, 67 e ss.; 1988:3-4 e
ss., 15 e ss., 27, 34; 1999:43 e ss.; Raposo, 1992:35-36), como se torna patente, a título
de exemplo, nas seguintes palavras de Chomsky (1986:67-68) :
Vd. novamente a nota 2.
38 Em formulações cronologicamente mais próximas da época de afirmação da linguística generativa, esta
predisposição genética para a aquisição da linguagem era corporizada num mecanismo inato cuja função
consistia precisamente em predispor todos os indivíduos para a aquisição da gramática de uma língua de
acordo com padrões de maturação invariáveis e geneticamente determinados. Tal mecanismo recebe,
nessas formulações, o nome de "language acquisition device" ("LAD") (cf., p. ex., McNeill, 1970:71),
sendo claramente identificado com o conceito de gramática universal em, p. ex., Raposo (1992:36) ou
Chomsky (1999:43).
39 De entre as diversas formulações que a linguística generativa tem conhecido, a teoria dos princípios e
parâmetros (vd. 1.1.2.1) é aquela que mais insistentemente desenvolve uma explicação específica para
esta transição de estados da mente, identificada em tal quadro teórico com a fixação progressiva dos
parâmetros característica da língua adquirida e tida como representada na mente/cérebro dos
falantes/ouvintes adultos de cada língua no final do processo aquisitivo (Chomsky, 1986:67 e ss., 153 e
ss., 217; 1988:63; Stevenson, 1988:29-44; Raposo, 1992:46-47 e ss., 55 e ss.; Fikkert, 1994:3 e ss.;
Meisel, 1995:10 e ss., 27 e ss.).
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