Dia mundial da ciência pela paz e pelo ... - unesdoc - Unesco

A VIDA EM SOCIEDADE
Na costa oriental da China, numa ilha localizada perto de Xangai, uma
nova cidade promete se tornar em breve um símbolo global da capacidade
humana de realizar uma ocupação ordenada, em harmonia com o meio
ambiente. Idealizada para ser a maior ecocidade mundial, Dongtan, situada
numa localidade rural que hoje abriga um santuário de pássaros, é a nova
cidade que ocupará apenas parte da ilha. O restante deverá ser preservado
para garantir o abastecimento alimentar da população.
Dongtan será cercada por parques, e a circulação nas áreas residenciais só
poderá ser feita por meio de veículos nãopoluentes. As casas deverão aproveitar
ao máximo a ventilação e a iluminação naturais e terão dois sistemas de
abastecimento de água: um de água potável, para alimentação e higiene pessoal,
e outro de água reciclada, para os demais usos. O sistema de transporte
da vila será feito com base de linhas de trem. A água de chuva e o esgoto tratado
atendão a quase metade das necessidades de seus habitantes. E o aquecimento
das moradias será feito principalmente por meio de energia solar.
As concentrações urbanas ocupam apenas 2% das terras do planeta, mas
consomem três quartos dos recursos naturais. Não há sinal de que a urbanização
global diminuirá. A opção de viver coletivamente faz parte da trajetória
humana, porque propicia o enfrentamento dos desafios.
No Terceiro Mundo, dada a escassez de recursos, é bem mais complicado
atacar o problema. Afinal, com milhões de pessoas vivendo com menos de
US$ 1 por dia (R$ 2,20), fica mais difícil conseguir dinheiro para garantir o
acesso da população aos benefícios da vida urbana, como casa, água, esgoto,
escola e transporte de qualidade. Como falta moradia para todo mundo, a
ocupação desordenada do espaço urbano e o crescimento das favelas acabam
por trabalhar contra a construção de uma cidade ecologicamente correta. Só
no Brasil chega a 13 milhões o número de famílias (30% do total) vivendo
em habitações irregulares.
Mesmo com as limitações financeiras, há no país casos em que se encontram
soluções criativas e tecnologicamente avançadas, consideradas referência
no mundo inteiro. Um projeto de produção de energia a partir do gás
metano liberado pelo lixo, desenvolvido pela Prefeitura de São Paulo, foi
tema de uma reportagem especial do Discovery. Implantado em Perus,
região oeste da cidade, o projeto produz hoje energia usada principalmente
para o abastecimento de empresas.
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