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Dia mundial da ciência pela paz e pelo ... - unesdoc - Unesco

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se leva em consideração que a multiplici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de não pode ser totalmente<br />

teoriza<strong>da</strong> <strong>pela</strong> <strong>ciência</strong>, que está bem longe de consegui-lo.<br />

b. a mitologia <strong>da</strong> <strong>ciência</strong>, isto é, “a crença na <strong>ciência</strong> como se fosse magia<br />

e poderio ilimitado sobre as coisas e os homens, <strong>da</strong>ndo-lhe o lugar que<br />

muitos costumam <strong>da</strong>r às religiões, isto é, um conjunto doutrinário de ver<strong>da</strong>des<br />

intemporais, absolutas e inquestionáveis” (CHAUÍ, 2006, p. 235). A<br />

<strong>ciência</strong> se converte no mito e na magia que tanto critica.<br />

c. a ideologia <strong>da</strong> <strong>ciência</strong>, ou seja, “a crença no progresso e na evolução<br />

dos conhecimentos científicos que, um dia, explicarão totalmente a reali<strong>da</strong>de<br />

e permitirão manipulá-la tecnicamente, sem limites para ação humana”<br />

(idem). Esquece-se que a suposta ação ilimita<strong>da</strong> do ser humano sobre a natureza<br />

provocará o fim de sua ação, pois ele se destruirá.<br />

A ilusão do progresso ocorre por dois motivos principais:<br />

do lado do cientista, porque ele sente que sabe mais do que antes, já que<br />

o conhecimento anterior não lhe permitia conhecer certos objetos ou fenômenos.<br />

Como trabalhava com uma tradição científica e a abandonou, tem o<br />

sentimento de que o passado estava errado;<br />

do lado do não-cientista, porque vivemos sob a ideologia do progresso e<br />

<strong>da</strong> evolução, do novo e do fantástico. Além do mais, assistimos aos resultados<br />

tecnológicos <strong>da</strong>s <strong>ciência</strong>s (computadores, videogames, MP? etc.), que são<br />

apresentados <strong>pelo</strong>s governos, <strong>pela</strong>s empresas e <strong>pela</strong>s propagan<strong>da</strong>s como símbolos<br />

do progresso, e não <strong>da</strong> diferença temporal.<br />

d. A ideologia <strong>da</strong> competência, isto é, a idéia de que há os que sabem e<br />

os que não sabem, que os primeiros são competentes e têm o direito de<br />

man<strong>da</strong>r e de exercer poderes, enquanto os outros são incompetentes,<br />

devendo obedecer e ser man<strong>da</strong>dos. Em suma, a socie<strong>da</strong>de deve ser dirigi<strong>da</strong> e<br />

coman<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>pelo</strong>s que sabem, e os demais devem executar as tarefas que lhes<br />

são ordena<strong>da</strong>s.<br />

e. A ilusão <strong>da</strong> neutrali<strong>da</strong>de científica, ou seja, a crença de que os resultados<br />

obtidos por uma <strong>ciência</strong> não dependem <strong>da</strong> boa ou <strong>da</strong> má vontade do<br />

cientista, nem de suas paixões, nem de suas ideologias. Como já vimos, por<br />

exemplo, a antropologia já exprimiu conceitos e teorias que legitimavam a<br />

dominação, desmitificando a idéia <strong>da</strong> neutrali<strong>da</strong>de científica.<br />

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