Dia mundial da ciência pela paz e pelo ... - unesdoc - Unesco

O poder da ciência é ambíguo, porque ele pode estar a serviço do homem
ou contra ele. Daí a necessidade de o cientista realizar o seu trabalho orientado
por reflexões de caráter moral, ético e político. Os fins, como afirmam
alguns, não justificam os meios.
A nova epistemologia mostrará que teorias e práticas científicas aparentemente
humanizadoras servem para alienar o homem.
Há um longo caminho pela frente. Mas que caminho? Que caminho
epistemológico? Já temos em mão algumas pistas de como encontrá-lo, ou
melhor, encontrá-los.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Além dos obstáculos epistemológicos
Desejamos uma ciência e um modo de se relacionar com a alteridade que
possua caráter humanista. Destinada a todos nós, como humanidade.
Sabemos, hoje, que a maioria dos resultados científicos que usamos no
cotidiano tiveram como origem investimentos militares e competições econômicas
entre grandes Estados, ou seja, que não foram criados com a intenção
de melhorar nossas condições de vida. A internet, por exemplo, foi
criada para ser utilizada em guerras. A ciência é, hoje, parte essencial do
poder político dos Estados. Governos criam ministérios e secretarias de ciência
e tecnologia que destinam verbas para financiar pesquisas civis e militares,
determinando quais ciências serão desenvolvidas. Não se considera, na
maioria das vezes, que o principal papel da ciência é melhorar a vida
humana, sempre considerando o sofrimento da natureza circundante.
Também se deixa de perceber que as ciências passaram a fazer parte das
forças econômicas produtivas da sociedade e trouxeram mudanças sociais de
grande porte na divisão social do trabalho, na produção e na distribuição dos
objetos, na forma de consumi-los. Somente percebemos e nos preocupamos
com os resultados imediatos: o computador, o telefone, a televisão digital etc.
Não percebendo o poderio econômico das ciências, lutamos para ter
acesso, para possuir e consumir os objetos tecnológicos, mas não lutamos
pelo direito de ter acesso tanto aos conhecimentos, como às pesquisas, nem
lutamos pelo direito de decidir seu modo de inserção na economia e na política
de nossa sociedade.
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