Dia mundial da ciência pela paz e pelo ... - unesdoc - Unesco
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h) uma neutrali<strong>da</strong>de axiológica, ou seja, uma <strong>ciência</strong> livre de valores,<br />
para garantir a objetivi<strong>da</strong>de (FERNANDEZ, 2008).<br />
Esta concepção científica já está bastante consoli<strong>da</strong><strong>da</strong> e ain<strong>da</strong> é a dominante.<br />
Entretanto, há algumas déca<strong>da</strong>s, diversas críticas têm sido formula<strong>da</strong>s,<br />
como as feministas.<br />
Embora divergentes em vários pontos, as novas propostas metodológicoepistemológicas<br />
concor<strong>da</strong>m em um ponto: é um absurdo a pretensão <strong>da</strong><br />
<strong>ciência</strong> moderna de tentar revelar a reali<strong>da</strong>de “tal qual ela realmente é”, o que<br />
exclui <strong>da</strong> metodologia científica os valores humanos. Propõem que tanto os<br />
valores sociais quanto os cognitivos desempenham um importante papel<br />
na ativi<strong>da</strong>de científica, ou seja, que a <strong>ciência</strong>, cria<strong>da</strong> <strong>pelo</strong>s seres humanos,<br />
reaproxime-se deles.<br />
Orientam-se <strong>pela</strong> crítica <strong>da</strong> “metafísica materialista” (LACEY, apud FER-<br />
NANDEZ, 2008) que teria regido a <strong>ciência</strong> moderna desde seus primórdios,<br />
segundo a qual<br />
O mundo é constituído por objetos e processos governados por leis universais,<br />
aos quais podem, em princípio, ser reduzidos todos os fenômenos investigados,<br />
sejam eles naturais, sociais, econômicos ou humanos (FERNANDEZ,<br />
2008, p. 37).<br />
Com isso, criticam as premissas expressas no item g (o mundo como<br />
máquina) e no item h (o mundo é matemático), que seriam, sob essa perspectiva,<br />
modelos por demais reducionistas. Essas críticas são comumente<br />
chama<strong>da</strong>s de pós-positivistas.<br />
Critica-se a teoria positivista, inicia<strong>da</strong> por Comte, pois ela propunha que, do<br />
mesmo modo que existiria uma física <strong>da</strong> natureza, deveria haver uma física do<br />
social, ou seja, o uso do instrumental metodológico-epistemológico aplicado<br />
para interpretar as <strong>ciência</strong>s <strong>da</strong> natureza deveria ser estendido às <strong>ciência</strong>s humanas.<br />
Entretanto, tal teoria não levaria em conta que a Natureza e o Homem,<br />
representante <strong>da</strong> cultura, são reali<strong>da</strong>des distintas. Quando nascem as <strong>ciência</strong>s<br />
humanas, no século XIX, quando a idéia de homem como objeto científico<br />
surge, os métodos e conhecimentos científicos já estão constituídos, de<br />
modo que elas são obriga<strong>da</strong>s a copiar o que a <strong>ciência</strong> existente havia estabelecido,<br />
tratando o homem como coisa natural matematizável e experimentável.<br />
<strong>Dia</strong>nte disso, ficava a dúvi<strong>da</strong> <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> existência <strong>da</strong>s <strong>ciência</strong>s<br />
humanas e do método correto que deveria ser adotado por ela. As objeções,<br />
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