20.06.2013 Views

Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

prazer, nem desprazer.<br />

O príncipe ia alimentando, junto com a lembrança do avô, outras idéias tristes.<br />

A de que queria regressar, por exemplo. “Ainda não perdi de todo as esperanças, e<br />

conto voltar ao Rio nas melhores condições.” “Se chegar, há de ser pela prudência e<br />

calma, único caminho possível.” Lembrava, por outro lado, de coisas desagradáveis.<br />

De que os tios falavam abertamente de sua doidice e que alguns jornalistas tinham-<br />

no acusado de ter “vozinha fanhosa de bragantino e gesto pueril de moça que recita<br />

o ‘Era no Outono’“. Diziam que ele era chocho, brocha, bobo. Era bonito demais.<br />

Sua virilidade era suspeita. Era pouca para a herança Saxe e Coburgo e toda a legião<br />

de atletas sexuais que fecundaram grandes casas monárquicas. Grande mesmo era a<br />

sua ambição de conspirador.<br />

Entre as gratas recordações colegiais do autor destas linhas [esc<strong>rev</strong>eu um<br />

colega do Pedro II] estará a tua fisionomia do tempo das calças curtas, do<br />

tempo em que andavam juntos na criançagem dos recreios e na malandragem<br />

das aulas. Tu eras grande então, grande porque eras pequenino, despido de<br />

preconceitos, companheiro apenas, incapaz de uma traição, comunicativo e<br />

bom, como um irmão de armas que tarimba a vida numa mesma fraternidade e<br />

num mesmo comunismo. Por que não te conservaste assim? Por que tentaste<br />

esta tua nova modelização de príncipe conspirador e maquiavélico, sonhando<br />

usurpar a Coroa problemática da tia?<br />

Sim, um dia fora bom. Agora era mau. Estava mal.<br />

Enquanto ele descia ao inferno, a luta prosseguia. Na capital, os diferentes<br />

grupos de deodoristas, monarquistas e florianistas se enfrentavam. Os tumultos<br />

aumentavam. Jornais monarquistas animavam reuniões [pg. 282] em memória do<br />

falecido imperador. A tripulação de dois navios se <strong>rev</strong>oltou em nome da restauração.<br />

Cidadãos republicanos eram atacados pelas ruas. Lugares conhecidos, como o café<br />

Estad München, a Maison Moderne, O Globo, O Café do Rio, serviam de ponto de<br />

encontro para os sebastianistas. Eles pediam dinheiro, coletavam fundos, deixavam<br />

o chefe de polícia enlouquecido.<br />

Com o príncipe e seu irmão fora do páreo e a família d’Eu idem, sebastianistas<br />

tentavam convencer Silveira Martins a assumir como regente. Que levantasse o Rio

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!