Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa
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princesas. Em vez de aliá-las com as grandes casas dinásticas reinantes da Europa<br />
que pudessem favorecer a nação pela imigração e pelo consumo dos produtos<br />
nacionais, “foi buscar um príncipe exilado e um outro de casa secundária e sem<br />
nenhuma influência direta nos destinos europeus”. E que ainda por cima ambos os<br />
príncipes eram, direta ou indiretamente, membros da família Orléans, e o governo<br />
brasileiro deveria saber que essa família “não hesitou nunca em levantar questões de<br />
dinheiro” e que “puseram sempre seus interesses acima dos interesses das nações<br />
que os aceitam ou toleram”.<br />
Numa das colunas que assinava sob o nom-de-plume de Proudhomme, José do<br />
Patrocínio criticava violentamente o imperador, dizendo que este ainda não partira<br />
para a Europa pois receava entregar o governo à princesa Isabel “quando estão em<br />
debate importantíssimas questões, uma das quais é a dotação do Sr. duque de Saxe”.<br />
Além disso, insistia, era preciso também “tratar do dote de um dos príncipes, que<br />
Sua Alteza viúvo nos deixa como penhor da sua magnanimidade em dispor do<br />
nosso orçamento” — era o do príncipe Pedro Augusto. Sem falar, e isto para o<br />
articulista era o mais importante, na questão do conde d’Eu: fizera um débito de 500<br />
contos no Banco do Brasil e criava problemas em suas terras no Sul. Nessas<br />
circunstâncias, ou seja, tendo que discutir interesses da família, seria uma grande<br />
imprudência inaugurar a regência.<br />
Com Gusty invisível e o jovem Pedro Augusto inatacável, sobrava para<br />
Gaston. Não só os jornais o criticavam sem piedade como reproduziam<br />
informações publicadas na Europa. Um diplomata estrangeiro esc<strong>rev</strong>era uma série<br />
de cartas, cheia de detalhes sobre os podres da família imperial. Primeiro, elas<br />
circularam no estrangeiro. Depois, na Corte. Nelas, Gaston se destacava por sua<br />
extrema ganância e avareza, mal dos Orléans, dizia o autor. Os conflitos com o<br />
imperador também eram relatados.<br />
Um deles — confessava o diplomata — lhe foi passado por alguém muito<br />
íntimo do conde. A história era sobre uma pedreira que Gaston [pg. 91] tinha atrás<br />
do palácio Isabel e que ele arrendava. Mas as explosões assustavam a princesa que<br />
estava, então, grávida e temia um aborto. Ela pediu a um criado para falar com o<br />
arrendatário para parar. Este respondeu que tinha encomendas para obras públicas<br />
na cidade, mas que parada se o conde o indenizasse, já que tinham um contrato.