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Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

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Várias informações sobre o cotidiano de uma família aristocrática se sucediam<br />

na correspondência com “a mana nariz de telha”. Era comum na casa de Saxe e<br />

Coburgo que os filhos ficassem sob cuidados diretos da mãe. A duquesa Sofia, uma<br />

das matriarcas importantes do grupo, fazia seus filhos dormirem em seu próprio<br />

quarto, orientava pessoalmente as amas-de-leite, a governanta e os escudeiros que<br />

serviam aos pequenos. A presença das amas-de-leite, hábito da aristocracia, era<br />

obrigatória. Não era incomum que uma jovem pobre se deixasse engravidar para<br />

ganhar a vida usando a touca com fitas que as distinguia, aleitando os filhos dos<br />

ricos. Eram vistas como animais domésticos, mas com uma diferença: detinham<br />

[pg. 46] um saber antigo sobre o preparo de mingaus e sopas, sobre o tratamento<br />

do umbigo ou o enfeixamento das costinhas do Bebê. No Brasil, o trabalho ainda<br />

era feito por escravas, amas-de-leite. A vida familiar, entre as classes altas, era<br />

facilitada por comodidades até então desconhecidas, como a água encanada, a<br />

eletricidade, o aquecimento a gás ou o water closet.<br />

Neste clima burguês, de consumo e prosperidade, havia espaço de sobra para<br />

férias, festas familiares como aniversários, batizados e o Natal. Esta, uma ocasião<br />

única para mimar os pequenos e surpreendê-los com árvores iluminadas por velas.<br />

A privacidade, esta descoberta maravilhosa, era vivida pelos ricos com todos os<br />

artefatos do conforto: casas agradavelmente decoradas com madeiras polidas,<br />

tapetes, pinturas e afrescos. Aos adornos se somava a ampla oferta de roupas e<br />

móveis. Quadros, estatuetas e presentes que despertassem lembranças sentimentais<br />

eram bem-vindos. Acessórios em porcelana, cristal e prata criavam um clima sensual<br />

durante as refeições. A limpeza e o perfume, além do banho semanal, satisfaziam os<br />

sentidos. Tudo era deleite: a música — mesmo a trombeta de Gusty ou as operetas<br />

de Offenbach —, o paladar, o olfato — as flores de Pohorella. A riqueza estimulava<br />

o companheirismo entre marido e mulher, bem como entre pais e filhos.<br />

A tranqüilidade, a disponibilidade, a doçura de viver, a paz eram valores<br />

cultivados. A jovem mãe desmamava o filho somente ao aparecer os primeiros<br />

dentes, dando-lhe caldo de miolo de pão e creme de arroz. Para aliviar as dores da<br />

gengiva, em vez do mordedor sujo, cascas de pão, frutas secas e bastonetes de<br />

alcaçuz. O banho era diário, diminuindo o uso da água quente, até que a criança

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