20.06.2013 Views

Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ficar com a impressão de que a trama se desenrola no reino de Tão, Tão Distante, é<br />

só porque a história do Brasil, embora tão perto, ainda se mantém tão longe de nós.<br />

Mas eis que então, como num passe de mágica, surge a obra de <strong>Mary</strong> <strong>Del</strong><br />

<strong>Priore</strong> e tudo aquilo que parecia adormecido volta à vida com um sopro. Neste O<br />

<strong>Príncipe</strong> <strong>Maldito</strong>, os últimos dias do império brasileiro e o amanhecer incerto da<br />

república desfilam na tela grande: há corpos nus, salões empoeirados, militares<br />

vacilantes que conspiram, jornalistas inflamados, nobres que arrotam, princesas que<br />

menstruam. Dá quase para sentir o cheiro do ralo enquanto o elenco de carne e osso<br />

vai construindo uma história viva, volátil, vibrante. A nossa história.<br />

Se a torre de marfim do academicismo não for lenda, <strong>Mary</strong> <strong>Del</strong> <strong>Priore</strong><br />

funciona então como Rapunzel, jogando não as tranças, mas as tramas de uma<br />

narrativa vivaz, que varre para longe aquele amontoado insípido de datas vazias e<br />

nomes solenes e arranca as cortinas do palco para nos fazer entender como é que<br />

este país deu no que deu...<br />

Já faz algum tempo que a história do Brasil vem sendo libertada dos grilhões<br />

que a aprisionaram aos bancos escolares. Mas o alcance deste O <strong>Príncipe</strong> <strong>Maldito</strong><br />

parece ainda maior, pois o livro subverte, virtualmente destroça, a frase arrogante de<br />

Norman Mailer de acordo com a qual “a história é escrita por maus romancistas”.<br />

Aqui está, de corpo inteiro e alma aberta, um “romance de não-ficção”: a vida sem<br />

obras de Pedro Augusto de Saxe e Coburgo — o príncipe que sonhou ser D. Pedro<br />

III, mas virou sapo quando o império das circunstâncias cedeu lugar à república dos<br />

fatos.<br />

Se <strong>Mary</strong> <strong>Del</strong> <strong>Priore</strong> e a leva de historiadores da qual ela faz parte continuarem<br />

esc<strong>rev</strong>endo tanto e tão bem, talvez algum dia o Brasil deixe de ser um país de faz-<br />

de-conta — e nós sejamos felizes para sempre.<br />

Eduardo Bueno

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!