Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

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Trancado no camarote, pouco a pouco, acalmou. Lágrimas e soluços pareciam aliviá-lo. E uma imagem de mulher nasceu do seu choro. Pela porta estreita ele ouvia o farfalhar das rendas contra a seda pesada do vestido. Ela vinha beija- lo, desejando-lhe boa-noite. Sua figura enternecida se debruçava sobre o leito trazendo certo conforto ao desespero do jovem. Ele dormia ou acordara? O rosto redondo e risonho, emoldurado por cabelos louros repartidos e presos na nuca, parecia fazer uma concessão a tanta agitação e tristeza. “Me beije”, [pg. 04] pedia baixinho. O queixo um tanto comprido e quadrado, as bochechas coradas, as sobrancelhas acompanhando os olhos claros e fundos, um perfume intraduzível definiam a figura que se aconchegava diante dele. Os braços roliços da bela mulher pareciam se estender para aninhá-lo. Um beijo de paz podia ser o remédio para acalmá-lo. Mas o sossego não vinha. A escuridão da cabine não lhe permitia adivinhar as horas. A presença da mulher, contudo, convidava sua alma a fluir para fora do corpo. Deslocando-se para outras paragens, ele agora sob<strong>rev</strong>oava uma planície também escura. Não porque fazia noite, mas porque a floresta de abetos vermelhos [pg. 05] e pinheiros fechava sua carranca em torno de um grande castelo. Um vento despojara as árvores de sua cobertura de neve e elas se dobravam, negras e sinistras, na luz que definhava. Castelo? Não. Era mais uma fortaleza. Três torres coroadas por telhados de ardósia se elevavam na monumental muralha. Um arremedo de jardim manchava de verde o centro do pátio. Passava-se à porta de entrada, primeiro por uma ponte; depois, por um pórtico renascentista. Dentro da construção principal, ele procurava a mulher, atordoado, entre as inúmeras imagens que se sucediam nos estuques da Sala de Caça. Os tetos profusamente pintados, a marqueteria das paredes, os inúmeros quadros [pg. 06] e vitrines com toda sorte de objetos preciosos confundiam com suas formas e cores seu senso de orientação. Ele a via atravessar, silenciosa e rápida, a Grande Sala de Banquetes: o rostinho infantil
tinha a sua mesma idade. A luz do inverno filtrava através de grandes janelas com vitrais opacos, confundindo seus movimentos. Agora, ela corria. Em seu delírio, ele ia atrás. Do lado de fora do castelo as árvores se contraíam no frio. Ele também se contraía no beliche fétido: de medo. De raiva. “Maman! Maman!”, gemia, enquanto Leopoldina Teresa Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga se dissolvia nos corredores de uma das maiores fortalezas [pg. 07] da Áustria. Prostração nesta madrugada do dia 17 de novembro de 1889. O jovem no beliche era Pedro de Alcântara Augusto Luis Maria Miguel Rafael Gonzaga de Bragança Saxe e Coburgo, seu filho primogênito. E ele nunca estivera tão perto, e ao mesmo tempo tão longe, de se tornar o monarca do III Reinado no Brasil. [pg. 08]
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meses por terras da Europa e pelo E
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a voz do professor: au trot, au gal
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abundantes, mas revelavam as mazela
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também somatizava o poder da mulhe
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geólogos nacionais e estrangeiros,
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E continuava: Sua Alteza conta com
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todos mas [pg. 81] não discutido?
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províncias no Norte. O ambiente er
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princesas. Em vez de aliá-las com
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geravam conflitos que podiam levar
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Novamente, o Atlântico: avô e net
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precisava para alimentar suas ambi
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integrar essa agenda. Só que o seu
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sangue, era a única ocupação. A
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nos acontecimentos mundanos. Depois
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escolher um bom par para Pedro Augu
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diminuído com a viagem. Mas não.
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proprietário de terras e de comér
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cancelar a partida do imperador ao
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ser bastante rico e independente, a
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fantasma do sobrinho. E, sempre, co
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“Isto eu não faço”, respondeu
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local, enfim, reagindo à sua manei
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escrevo. A viagem a Gênova, Floren
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Abolição. Desde que a realeza se
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devido aos transes terríveis por q
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em Petrópolis, abria a porta para
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que a princesa regente foi investid
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Capítulo V O novelo de intrigas Di
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foi iluminado à eletricidade. A So
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tudo para que Sua Alteza pudesse ve
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Impecáveis, os maîtres d’hôtel
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Ou, por que não, o Teatro Lucinda?
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monarca que nos rege fechar os olho
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Jardim! Morra Lopes Trovão!” Cap
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160] ou o vazio que encontramos den
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sociedades carnavalescas. Choviam c
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aparecia com um mal-estar. Nada mui
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desconfiavam do príncipe consorte
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Ao mesmo tempo em que alguns escal
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sobre minerais, ou cousa que o valh
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sobre outra publicação: “Interr
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mais porque Gaston lhes tirava o os
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imperador, acercando-se dele. As se
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tradições. A sua senilidade já c
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do fim da escravidão. Mais um pass
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outro chileno, com o nome do presid
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a família imperial. Gastara-se uma
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Liberal dava notícias da visita qu
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Ridicularizado por vestir casaca co
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Expôs então S. Ex. que as circuns
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ver um homem que governara por meio
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em águas territoriais brasileiras.
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irresistível de olhar para baixo.
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para seus sonhos. Ao lado dele, e n
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Laranjeiras. Ele se deixara comprar
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cura de águas em Baden-Baden, e el
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O presidente não teve dúvidas. Di
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prazer, nem desprazer. O príncipe
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De nada adiantou a união de força
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estava à beira da interdição. So
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Como um vento violento, jogou para
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Faoro, Raimundo, Machado de Assis,
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Horizonte, Itatiaia, São Paulo, ED
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Queiroz, Maria José de, Os Males d
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Zanini, Walter, Coord. História Ge
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Agradecimentos: Antonio Aprígio Pe
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