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Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

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Pedro à eficiência de Leopoldo, explicava: “As tradições daquela casa e a educação<br />

conservadora que recebeu o chefe de Estado não podiam fazê-lo um Leopoldo da<br />

Bélgica, educado na livre Inglaterra. Aí o segredo de certo espírito pequeno que tem<br />

dominado a política imperial.” A imagem do poderoso Leopoldo pairava como um<br />

emblema de sucesso na possível sucessão do príncipe. Mas quanto a este assunto ou<br />

outros — trazidos por conselheiros, presidentes de província, guardas nacionais,<br />

burocracia —, o avô só respondia: “Devagar... devagar.”<br />

Quando o avô caiu doente, em janeiro de 1887, e se receou por sua vida, a<br />

pequena corte do príncipe Pedro se animou. Discutia-se muito a sucessão e a<br />

exclusão da tia. O jovem Pedro se enchia de esperanças. Sim, estava pronto.<br />

Esperara por isso toda a vida. Se o edifício da monarquia parecia cair, pedaço por<br />

pedaço, ele estaria lá para reconstruí-lo. Realizaria o sonho dos Saxe e Coburgo. Do<br />

lado dos tios, corria que o conde d’Eu sabia que não era estimado no Brasil. E que<br />

nunca, nunca, se realizaria o reinado da princesa. Um diplomata se encarregara de<br />

espalhar a notícia de que o conde não fora ao Brasil para firmar uma dinastia ou<br />

cingir uma coroa, mas para ajuntar dinheiro. Um ministro dissera mesmo ao<br />

imperador que o reino de Isabel não era deste mundo. Suas regências —<br />

comentavam políticos e jornalistas — não foram felizes. Nos últimos [pg. 85] anos,<br />

seus maiores interesses eram a música, a religião, as orquídeas, o jardim e os filhos,<br />

como atestavam inúmeras cartas à condessa de Barrai ou ao seu sogro. A fraqueza<br />

do pai não a levava a ocupar maiores papéis em público, o que devia estimular as<br />

pretensões do príncipe.<br />

Com a piora do estado de saúde de D. Pedro, decidiram partir para a Europa<br />

em busca de tratamento. “Aconselhado por médicos e pelo estado de sua saúde<br />

comprometida, o augusto chefe de Estado [...] é levado a empreender uma viagem<br />

no intuito de recuperá-la”, noticiava o Jornal do Commercio, em julho de 1887. A<br />

imprensa republicana não poupava o velho homem: “baldões de impropérios e<br />

injúrias” acompanhavam os preparativos para a viagem. A Gazeta de Notícias<br />

despachou um repórter, Demerval da Fonseca, para acompanhar a convalescença ou<br />

agonia do monarca. A oposição não perdia tempo. O jornal O Paíz comparou o<br />

vapor Gironde a um esquife. Não um que levasse o corpo embalsamado de um<br />

homem, mas da própria monarquia, monarquia “amortalhada na indiferença do

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