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Mary Del Priore - O Príncipe Maldito (pdf)(rev) - Capa

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O príncipe D. Pedro é ainda um jovem inexperiente, e nas presentes<br />

circunstâncias é de recear-se que possa ser transviado por danosas influências<br />

desses políticos e patriotas que nada têm a perder se falhar amanhã a sua<br />

candidatura. O fato, entretanto, de ser o príncipe o neto favorito do imperador<br />

e de ele dividir com a princesa [pg. 80] o amor e a afeição do imperador não<br />

deve ser desprezado no caso de aparecer qualquer complicação. Embora ele<br />

não possa naturalmente reivindicar legitimamente o trono, salvo pelo fato de<br />

que durante muitos anos se espalhara a idéia de que seria o futuro imperador,<br />

não obstante a questão é muito discutida pela opinião pública.<br />

A imprensa dava voz aos descontentes. A Gazeta da Tarde, por exemplo,<br />

insinuava que o Partido Liberal de tudo fazia para forçar a abdicação do imperador,<br />

doente, muito doente. O temor da invasão das forças religiosas, de um governo<br />

clerical, de um “reinado mercantil em favor do imperador honorário”, fazia com que<br />

seus membros optassem pela proclamação do neto. “É certo”, explicava o<br />

articulista, “que semelhante opinião ainda não transbordou das altas regiões do<br />

Partido Liberal sobre o povo; porém, já tem ela adeptos que principiam a se tornar<br />

fervorosos”. O jornal irradiava elogios aos progressos científicos, à elegância, ao<br />

olhar, à inteligência e “facilidade de assimilação do espírito moderno do Brasil”.<br />

Isabel era o arcaísmo. Pedro Augusto, o futuro. Ela, a representante de um<br />

Estado submisso à Igreja. Ele, de um Estado laico. Se o Partido Liberal conseguisse<br />

entrar no Parlamento em grande número, a candidatura do príncipe à sucessão seria<br />

vista como que uma forma de impedir que o país continuasse de joelhos diante da<br />

Igreja — afirmava José do Patrocínio. O plano estava assentado nos arraiais liberais,<br />

afirmava. Se o imperador viajasse sem resolver a questão, deixaria a filha entregue a<br />

uma luta de conseqüências desastrosas.<br />

Entre leitores dos vários jornais, a idéia da ascensão do príncipe ao trono<br />

deixava de ser apenas uma das intrigas políticas para se tornar muito mais. Um<br />

verdadeiro “plano racional e recurso seguro para futuras evoluções partidárias”. No<br />

meio dos liberais, o silêncio que cercava uma tal proposta se tornava, segundo um<br />

deles, suspeitoso. Por que se calavam os habituais comentadores que não esqueciam<br />

de examinar os mais insignificantes detalhes? Por que razão o assunto era sabido por

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