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1356 - Bernard Cornwell

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Thomas virou a última página e ficou paralisado.<br />

Porque ali estava: o monge na neve.<br />

A condessa sorriu.<br />

— Está vendo? Você não precisava de um erudito, só de uma velha<br />

senhora.<br />

A imagem era diferente da pintura em Avignon. No livro o monge<br />

não estava ajoelhado numa parte do terreno sem neve, e sim deitado,<br />

encolhido, dormindo. Não havia são Pedro, mas havia uma casinha do lado<br />

direito, e um segundo monge estava espiando por uma janela. O monge<br />

adormecido, que tinha o halo de santo, estava sobre a grama, mas o resto<br />

da paisagem, como o teto da cabana, estava coberto de neve. Era noite e<br />

as estrelas estavam pintadas contra um céu azul-escuro, e um único anjo<br />

espiava entre essas estrelas. Na borda florida da página estava o nome do<br />

santo.<br />

— São Juniano — disse Thomas. — Nunca ouvi falar dele.<br />

— Duvido que muitas pessoas tenham ouvido.<br />

— Juniano — repetiu ele.<br />

— Era filho de um nobre — disse a condessa — e deve ter sido<br />

muito devoto, porque percorreu um longo caminho para estudar com santo<br />

Armando, mas chegou à noite e Armando havia fechado a porta. Assim,<br />

Juniano bateu à porta. Mas santo Armando achou que eram bandidos que<br />

vinham roubá-lo, por isso se recusou a abri-la. Não entendo por que Juniano<br />

não se explicou! Era inverno, estava nevando, e tudo que ele precisava fazer<br />

era dizer a Armando quem ele era! Mas aparentemente Juniano era tão<br />

idiota quanto os outros, e, como não conseguiu entrar na casa de Armando,<br />

deitou-se para dormir no jardim, e, como você pode ver, Deus fez a<br />

gentileza de garantir que a neve não caísse sobre ele. Por isso ele teve uma<br />

boa noite de sono e no dia seguinte o equívoco foi esclarecido. Não é uma<br />

história muito empolgante.<br />

— São Juniano — repetiu Thomas, olhando o monge adormecido. —<br />

Mas por que ele está no livro?<br />

— Olhe o início — sugeriu a condessa.<br />

Thomas virou de volta as páginas rígidas e viu um brasão pintado<br />

na primeira página. Mostrava um leão vermelho empinando em fundo<br />

branco. O leão rosnava e tinha as garras estendidas.<br />

— Não conheço esse brasão — disse ele.<br />

— Minha sogra vem de Poitou — explicou a condessa. — E o leão<br />

vermelho é o símbolo de Poitou. Todos os santos deste livro, meu caro,<br />

têm ligações com a região, e imagino que simplesmente não havia um<br />

número suficiente deles para ser cegados, escaldados, decapitados,<br />

estripados ou serrados ao meio, por isso acrescentaram o pobre Juniano só<br />

para preencher uma página.<br />

— Mas não puseram são Pedro — disse Thomas.<br />

— Não creio que são Pedro já tenha estado em Poitou, então por<br />

que ele estaria no livro?<br />

— Achei que são Juniano teria se encontrado com ele.

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