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1356 - Bernard Cornwell

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— Fui mandado para Oxford. Como você, eu deveria ser padre.<br />

— Então é assim que sabe latim?<br />

— Meu pai me ensinou desde o início. Latim, grego, francês.<br />

— E agora você é Sir Thomas de Hookton, líder dos hellequins!<br />

Você não se ateve às regras, não é?<br />

— Sou arqueiro — respondeu Thomas. Um arqueiro sem arco. — E<br />

você vai descobrir que eu faço as regras para os hellequins.<br />

— Quais são?<br />

— Compartilhamos os saques, não abandonamos uns aos outros e<br />

não estupramos.<br />

— Ah, disseram que você era notável. Ouviu isso?<br />

— O quê?<br />

— Um cão? Talvez dois? Latindo?<br />

Thomas parou. Tinham deixado o rio e estavam andando mais<br />

rápido porque haviam entrado num bosque de castanheiras que os escondia<br />

de olhares curiosos. Ouviu o vento fraco nas folhas, um pica-pau a<br />

distância, depois os latidos.<br />

— Maldição — disse.<br />

— Eles podem estar simplesmente caçando.<br />

— Caçando o quê? — perguntou Thomas, depois foi para a margem<br />

do bosque. Havia uma vala seca, e do outro lado feixes de estacas de<br />

castanheira bem-amarrados, usados para sustentar as videiras. Os terraços<br />

do vinhedo se curvavam para longe e para baixo até o vale do rio, e o som<br />

dos cães, porque havia mais de um, vinha daquele terreno baixo. Ele correu<br />

alguns passos para dentro do vinhedo, mantendo-se abaixado, e viu três<br />

cavaleiros e dois cães. Podiam estar caçando qualquer coisa, pensou, mas<br />

suspeitava de que a presa fosse a mão de um arqueiro. Dois seguravam<br />

lanças. Os cães tinham o nariz junto ao chão e guiavam os cavaleiros para<br />

as castanheiras. — Eu não tinha pensado em cães — disse Thomas quando<br />

voltou para o meio das árvores.<br />

— Vai ficar tudo bem — retrucou Keane com uma confiança jovial.<br />

— Eles não estão atrás da sua mão direita, e já devem ter captado<br />

nosso cheiro. Se quiser me abandonar, esta é uma boa hora.<br />

— Meu Deus, não! Sou um dos seus homens, lembra? Não<br />

abandonamos uns aos outros.<br />

— Então fique aqui. Tente não ser despedaçado por um cão.<br />

— Os cães me amam.<br />

— Estou contando com a ideia de que eles vão chamar os cães de<br />

volta antes que o mordam.<br />

— Eles não vão me morder, você vai ver.<br />

— Fique aqui, e fique quieto. Quero que pensem que você está<br />

sozinho.<br />

Thomas subiu no galho baixo de uma árvore e, usando os fortes<br />

músculos, frutos do arco de guerra, escalou até se esconder entre as<br />

folhas. Agachou-se num galho. Tudo dependia de os cavaleiros pararem, e<br />

certamente parariam. Agora podia ouvi-los, podia ouvir a batida pesada dos

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