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1356 - Bernard Cornwell

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— Luc! Temos cerveja?<br />

— Temos, Majestade! — gritou Luc da casa.<br />

— Traga um pouco para o senhor de Douglas — disse o rei, depois<br />

fez um grande esforço e sorriu para o escocês. — Suspeito, senhor, que<br />

tenha vindo me encorajar a atacar.<br />

— Confio que o senhor fará isso, sire. Se os desgraçados ficarem<br />

naquele morro, teremos uma chance única de esmagá-los.<br />

— Mas parece — disse o rei em tom ameno — que os desgraçados<br />

estão no topo do morro e nós não. Isso não parece pertinente?<br />

— As encostas do norte e do oeste são fáceis — respondeu<br />

Douglas como se não desse importância. — Encostas longas, suaves, fáceis,<br />

sire. Na Escócia nem chamaríamos de morro. Não é mais do que um<br />

passeio. Uma vaca aleijada poderia subir sem alterar o fôlego.<br />

— Isso é tranquilizador. — O rei parou enquanto o serviçal trazia<br />

um grande pote de couro com cerveja, que o escocês engoliu. O som do<br />

gorgolejo era horrível, assim como a visão do líquido escorrendo dos cantos<br />

da boca de Douglas e encharcando sua barba. Um bruto, pensou o rei João,<br />

um bruto vindo da fronteira do mundo. — O senhor estava com sede —<br />

disse ele.<br />

— Assim como os ingleses estão, sire — disse Douglas, depois<br />

jogou casualmente o pote de couro para Luc. O rei suspirou por dentro. Será<br />

que aquele sujeito não tinha modos? — Conversei com um fazendeiro —<br />

continuou o escocês —, e ele disse que não existe porcaria nenhuma de<br />

água naquele morro.<br />

— Um rio passa por ele, não é?<br />

— E como se carrega água suficiente para milhares de homens e<br />

cavalos morro acima? Eles carregam um pouco, senhor, mas não o<br />

suficiente.<br />

— Então talvez devêssemos deixar que morram de sede, não é? —<br />

sugeriu o rei.<br />

— Antes disso eles partirão para o sul, sire.<br />

— Então você quer que eu ataque — disse João, cansado.<br />

— Quero que o senhor veja isto, sire — respondeu Douglas, e<br />

entregou a flecha ao rei.<br />

— Uma flecha inglesa — disse João.<br />

— Tenho um homem que andou ajudando o cardeal Bessières nas<br />

últimas semanas. Não sei bem se ele é um homem, sire, porque mais<br />

parece um animal e luta como um demônio demente. Pelas entranhas de<br />

Cristo, ele me amedronta, sire, portanto Deus sabe o que ele faz com o<br />

inimigo. E nesta tarde, senhor, um arqueiro inglês disparou esta flecha<br />

contra a minha fera. Acertou-o direto no peitoral. O desgraçado disparou a<br />

coisa de uma distância que não era maior do que trinta ou quarenta passos,<br />

e minha criatura ainda está viva. Mais do que isso, o animal sortudo está<br />

fazendo bebês com alguma garota da aldeia agora mesmo. E se um homem<br />

leva um disparo de uma flecha inglesa a quarenta passos e sobrevive para<br />

procriar por aí algumas horas depois, há nisso uma mensagem para todos

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