07.10.2014 Views

1356 - Bernard Cornwell

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

tempo desperdiçado. Os outros cavaleiros permaneciam em silêncio,<br />

assistindo ao padre Marchant rezar em latim. Ele abençoou a espada de<br />

Roland, pôs as mãos na cabeça dele e uma faixa com as chaves do<br />

pescador bordadas em seu pescoço. E, enquanto ele rezava, as velas na<br />

capela estavam sendo apagadas uma a uma. Era como o serviço religioso<br />

na Sexta-Feira Santa, quando, para marcar a morte do redentor, as igrejas<br />

da cristandade eram mergulhadas na escuridão. E quando a última vela se<br />

apagou havia apenas a luz pálida da lua do lado de fora da janela única da<br />

capela e a pequena chama vermelha da presença eterna, lançando sombras<br />

escuras cor de sangue no Cristo crucificado em prata que Roland espiava<br />

com adoração. Ele havia encontrado sua causa, uma busca aventuresca<br />

digna de sua pureza, e acharia la Malice.<br />

Então Genevieve gritou.<br />

E gritou de novo.<br />

Keane e o padre Levonne haviam cavalgado para perto da ponte levadiça,<br />

onde o irlandês gritou para uma sentinela, que simplesmente olhou os dois<br />

cavaleiros ao luar e depois deu alguns passos ao longo do parapeito da torre<br />

do portão.<br />

— Está ouvindo? — gritou Keane. — Diga ao seu senhor que<br />

estamos com a mulher dele! Ele a quer de volta, não é? — E esperou. Seu<br />

cavalo bateu com o casco no chão. — Meu Deus, homem, está me ouvindo?<br />

— gritou. — Nós estamos com sua senhora aqui! — A sentinela se inclinou<br />

entre duas ameias para olhar Keane outra vez, mas não respondeu, e depois<br />

de um instante voltou para trás das pedras. — Está surdo? — perguntou<br />

Keane.<br />

— Meu filho — gritou o padre Levonne. — Sou um sacerdote!<br />

Deixe-me falar com seu senhor!<br />

Não houve resposta. A lua iluminava o castelo e tremeluzia branca<br />

no fosso ondulado pelo vento. Só houvera um homem visível na muralha da<br />

torre do portão, mas agora ele desaparecera, deixando Keane e Levonne<br />

aparentemente sozinhos. O irlandês sabia que Thomas e uma dúzia de<br />

homens observavam das árvores, mas se perguntou quem mais estaria<br />

observando das fendas escuras na muralha e nas torres enluaradas, e se<br />

esses observadores teriam bestas retesadas, com setas curtas e pesadas<br />

com pontas de aço. Os dois cães, que haviam seguido Keane, ganiram.<br />

— Tem alguém ouvindo? — gritou Keane.<br />

Um sopro de vento levantou a bandeira no fortim do castelo. Ela se<br />

agitou, depois tombou quando a brisa morreu. Uma coruja piou do outro lado<br />

do vale, e os cães levantaram a cabeça e farejaram o ar. Eloísa rosnou<br />

baixinho.<br />

— Calma — disse-lhe Keane. — Quieta, menina. Amanhã vamos<br />

caçar umas lebres. Talvez um cervo, se você tiver sorte, hein?<br />

— Inglês! — gritou uma voz no castelo.<br />

— Se vai insultar um homem — gritou Keane de volta —, não

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!