07.10.2014 Views

1356 - Bernard Cornwell

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

— E por que eles lutavam? — perguntou ela.<br />

— Para vencer, senhora — respondeu Roland.<br />

— Não, eles lutavam por suas amantes — disse Genevieve. —<br />

Ipomadon lutava pela rainha Proud, e Lancelot, por Guinevere, que, como a<br />

condessa de Labrouillade, era casada com outro homem.<br />

Roland ficou vermelho.<br />

— Eu não as chamaria de amantes — disse rigidamente.<br />

— De que chamaria? — perguntou ela com um desprezo feroz. — E<br />

Guinevere era prisioneira, como eu.<br />

— Senhora!<br />

— Se não sou prisioneira, deixe-me ir.<br />

— A senhora é refém, e está sob minha proteção.<br />

Genevieve gargalhou diante disso.<br />

— Sua proteção?<br />

— Até ser trocada, senhora — disse Roland rigidamente. — Juro<br />

que nenhum mal lhe será feito se estiver ao meu alcance impedi-lo.<br />

— Ah, pare com essa falação insensata e conte ao meu filho outra<br />

história de adultério — disparou ela.<br />

Então Roland contou uma história que achou muito mais segura, a<br />

gloriosa narrativa de seu xará, o grande Roland de Roncesvalles.<br />

— Ele marchou contra os mouros na Espanha — disse a Hugh. —<br />

Sabe quem são os mouros?<br />

— Pagãos — respondeu Hugh.<br />

— Isso mesmo! São gentios e pagãos, seguidores de um falso<br />

deus, e, quando o exército francês voltou cruzando os Pireneus, foi<br />

emboscado de modo traiçoeiro pelos pagãos! Roland comandava a<br />

retaguarda e estava em menor número, numa razão de vinte para um,<br />

alguns dizem que de cinquenta para um! Mas ele possuía uma espada<br />

grandiosa, Durindana, que já pertencera a Heitor de Troia, e essa grande<br />

espada matou seus inimigos. Eles morreram às vintenas, mas nem mesmo<br />

Durindana podia conter aquela horda pagã, e os pobres cristãos corriam o<br />

risco de ser sobrepujados. Mas Roland também possuía uma trompa<br />

mágica, Olifante, e soprou a trompa, soprou-a tão forte que o esforço o<br />

matou, mas o som de Olifante atraiu o rei Carlos Magno e seus cavaleiros<br />

magníficos para matar aquele inimigo descarado!<br />

— Eles podiam ser descarados — disse Genevieve —, mas nunca<br />

foram mouros. Eram cristãos.<br />

— Senhora! — protestou Roland.<br />

— Não seja ridículo. Já esteve em Roncesvalles?<br />

— Não, senhora.<br />

— Eu já! Meu pai era malabarista e engolia fogo. Íamos de cidade<br />

em cidade recolhendo moedas e sempre ouvíamos histórias, e em<br />

Roncesvalles eles sabem que foram os bascos, todos cristãos, que<br />

emboscaram Roland. E o mataram. Você só finge que eram mouros porque<br />

não suporta pensar que seu herói foi morto por rebeldes camponeses. E que<br />

morte gloriosa é essa? Soprar uma trombeta e cair?

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!