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1356 - Bernard Cornwell

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a mensagem chegou à cidade depois da meia-noite, trazida por um jovem<br />

monge que tinha vindo da Inglaterra. Havia deixado Carlisle em agosto com<br />

outros dois irmãos, os três com ordens de chegar à grande casa<br />

cisterciense em Montpellier, onde o irmão Michael, o mais novo, aprenderia<br />

medicina e os outros estudariam na famosa escola de teologia. Os três<br />

haviam caminhado por toda a extensão da Inglaterra, navegado de<br />

Southampton a Bordeaux e depois se dirigido a pé para o interior, e, como<br />

qualquer viajante numa longa jornada, traziam mensagens. Havia uma para<br />

o abade de Puys, onde o irmão Vincent havia morrido de fluxo, depois<br />

Michael e seu companheiro tinham caminhado até Toulouse, onde o irmão<br />

Peter havia adoecido e fora levado ao hospital em que, pelo que Michael<br />

sabia, ainda se encontrava. Assim o jovem monge estava sozinho e tinha<br />

apenas uma mensagem consigo, um pedaço de pergaminho surrado, e<br />

haviam lhe avisado que talvez não encontrasse o homem a quem ela era<br />

endereçada caso não viajasse naquela mesma noite.<br />

— Le Bâtard move-se depressa — dissera o abade de Paville. —<br />

Esteve aqui há dois dias, agora está em Villon, mas amanhã?<br />

— Le Bâtard?<br />

— É o nome dele por aqui — dissera o abade, fazendo o sinal da<br />

cruz, o que de certo modo sugeria que o jovem monge inglês teria sorte se<br />

sobrevivesse ao encontro com o homem chamado le Bâtard.<br />

Depois de um dia de caminhada, o irmão Michael olhou a cidade de<br />

Villon, do outro lado do vale. Tinha sido fácil achá-la porque, à medida que a<br />

noite caía, o céu se iluminava pelas chamas, que serviam como farol.<br />

Fugitivos que passavam por ele na estrada diziam que Villon estava<br />

pegando fogo, por isso o irmão Michael simplesmente caminhou na direção<br />

do incêndio para encontrar le Bâtard e lhe entregar a mensagem.<br />

Atravessou o vale, nervoso, vendo o fogo se retorcer acima das muralhas<br />

da cidade, preenchendo a noite com uma fumaça manchada por vermelho<br />

vivo nos pontos em que refletia as chamas. O jovem monge achou que era<br />

assim que devia parecer o céu de Satã. Fugitivos ainda escapavam da<br />

cidade e disseram ao irmão Michael para dar meia-volta e fugir, porque os<br />

demônios do inferno estavam à solta em Villon, e ele sentiu-se tentado, ah,<br />

tentado demais, porém outra parte de sua alma jovem estava curiosa.<br />

Jamais vira uma batalha. Nunca vira o que os homens faziam quando se<br />

entregavam à violência, por isso continuou andando, pondo sua fé em Deus

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