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1356 - Bernard Cornwell

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suas bainhas na batalha, temendo tropeçar nelas, mas aquele inimigo<br />

precisava da bainha para manter a espada enquanto usava a monstruosa<br />

estrela d’alva, toda suja de sangue.<br />

A arma tinha um cabo quase tão comprido quanto a haste de um<br />

arco, e a cabeça era uma bola de ferro do tamanho do crânio de um bebê.<br />

Uma longa ponta de aço se projetava da extremidade da bola, e uma dúzia<br />

de espetos mais curtos a cercava. O sujeito sentiu o peso da arma. O<br />

focinho de sua viseira moveu-se de um lado para o outro enquanto ele<br />

espiava ao longo da linha dos hellequins. Dois companheiros, ambos<br />

carregando pequenos escudos de torneio, juntaram-se a ele. Um estava<br />

armado com uma acha, o outro com um goupillon, que tinha um cabo de<br />

madeira curto ligado por uma corrente grossa a uma bola de metal cheia de<br />

pontas. Era um mangual.<br />

— Eles vieram aqui para morrer — disse o grandalhão da estrelad’alva,<br />

alto o bastante para Thomas ouvir. — Então vamos fazer a vontade<br />

desses desgraçados.<br />

— Mate primeiro o da acha — disse Karyl baixinho. O sujeito que<br />

carregava essa arma também tinha um escudo, o que significava que não<br />

podia usar o grande machado com gancho, aproveitando toda a força.<br />

— Querem morrer? — perguntou o grandalhão.<br />

De algum lugar no norte veio um súbito frenesi: gritos, metal se<br />

chocando, berros. O inimigo devia estar fazendo um esforço frenético para<br />

romper a linha, pensou Thomas, e rezou para que os ingleses e seus aliados<br />

gascões se sustentassem. Em seguida não pôde dispensar nenhum<br />

pensamento porque o sujeito enorme com a estrela-d’alva pontuda estava<br />

atacando. Ia diretamente contra Thomas, que era o único na linha de<br />

homens de armas inglesas que não usava armadura de placas.<br />

— São Dênis! — gritou o sujeito alto.<br />

E são Denis encontrou são Jorge.<br />

O cardeal Bessières assistia à batalha parado no morro francês. Estava<br />

montado num cavalo forte e paciente e usava seus mantos de cardeal,<br />

ainda que, de modo incongruente, tivesse um bacinete empoleirado na<br />

cabeça. Estava a poucos metros do rei João, também montado, mas o<br />

cardeal notou que o rei havia descartado as esporas, o que sugeria que, se<br />

lutasse, seria a pé. O filho mais novo do rei, Filipe, e o restante dos<br />

cavaleiros e homens de armas estavam todos a pé.<br />

— O que está acontecendo, Majestade? — perguntou o cardeal.<br />

O rei não sabia realmente como responder e ficou irritado porque o<br />

cardeal, com seu elmo ridículo, estava muito perto. Não gostava de<br />

Bessières. O sujeito era filho de um mercador, pelo amor de Deus, mas<br />

havia ascendido na Igreja e agora era legado papal e, o rei sabia, tinha<br />

esperanças de se tornar papa. E talvez Bessières fosse uma boa escolha<br />

porque, apesar de seu nascimento humilde, apoiava ferozmente a monarquia<br />

francesa, e nunca era ruim ter o apoio de Deus. Por isso o rei o suportava.

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