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1356 - Bernard Cornwell

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— Quem diabos está matando quem aqui? — perguntou.<br />

— Isto é uma questão da Igreja — respondeu o cardeal<br />

altivamente. — E vocês irão embora.<br />

— Eu vou embora quando estiver pronto para ir — disse o recémchegado,<br />

e se virou rapidamente quando um som de pés se arrastando soou<br />

no fundo da abadia. — Se houver qualquer encrenca de merda aqui mandarei<br />

meus homens tirarem todos vocês deste mosteiro. Querem passar a noite<br />

na porcaria dos campos? Quem é você?<br />

Essa última pergunta foi dirigida a Thomas, que, presumindo que o<br />

homem fosse o conde, abaixou-se sobre um dos joelhos.<br />

— Sir Thomas de Hookton, sire, servidor do conde de Northampton.<br />

— Sir Thomas esteve em Crécy, senhor — disse baixinho o homem<br />

de cabelos grisalhos. — Era um dos homens de Will Skeat.<br />

— Você é arqueiro? — perguntou o conde.<br />

— Sim, senhor.<br />

— E foi feito cavaleiro? — Ele pareceu ao mesmo tempo surpreso<br />

e reprovador.<br />

— De fato, senhor.<br />

— Foi feito cavaleiro por mérito, senhor — disse com firmeza o<br />

segundo homem, e então Thomas se lembrou dele. Era Sir Reginald<br />

Cobham, um soldado de renome.<br />

— Nós estivemos juntos no vau, Sir Reginald — disse Thomas.<br />

— Blanchetaque! — disse Cobham, lembrando-se do nome do vau.<br />

— Ah, santo Deus, que luta especial foi aquela! — Ele riu. — Você tinha um<br />

padre lutando junto, não era? O desgraçado rachava cabeças francesas com<br />

um machado.<br />

— O padre Hobbe — respondeu Thomas.<br />

— Vocês dois terminaram? — vociferou o conde.<br />

— Nem de longe, senhor — disse Cobham, animado. — Poderíamos<br />

tecer lembranças por mais algumas horas.<br />

— Vão se danar, seus desgraçados — disse o conde, mas sem<br />

rancor. Ele podia ser um conde da Inglaterra, mas sabia muito bem que era<br />

recomendável ouvir os conselhos de pessoas como Sir Reginald Cobham.<br />

Esses homens eram ligados a todos os grandes senhores, nomeados pelo<br />

rei como conselheiros. Um sujeito podia nascer rico, com posto, título e<br />

privilégio, mas isso não o tornava um soldado, portanto o rei se certificava<br />

de que seus nobres fossem aconselhados por homens inferiores que<br />

soubessem mais. O conde podia comandar, mas se fosse ajuizado só<br />

comandaria depois da decisão de Sir Reginald. O conde de Warwick era<br />

experiente, tinha lutado em Crécy, mas era suficientemente sensato para<br />

ouvir os conselhos. Nesse momento, no entanto, parecia furioso demais<br />

para ser prudente, e sua raiva cresceu ao ver o coração vermelho na túnica<br />

suja de Sculley. — Isso é o brasão de Douglas? — perguntou, ameaçador.<br />

— É o santíssimo coração de Cristo — respondeu o cardeal antes<br />

que Sculley tivesse chance de falar. Não que Sculley tivesse entendido a<br />

pergunta, feita em francês. O escocês tinha se levantado e agora estava

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