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1356 - Bernard Cornwell

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Vamos esperar o fim da missa.<br />

Olhou para o alto coro, onde podia ver um grande mural de Cristo<br />

julgando. Pecadores caíam num inferno feroz de um lado, e suas fileiras<br />

estavam surpreendentemente cheias de padres com batinas e monges com<br />

hábitos. Mais perto, na nave, havia uma pintura de Jonas e a baleia, que<br />

pareceu a Thomas um tema estranho para um mosteiro tão interiorano,<br />

mas o fez se lembrar de seu pai contando aquela velha história e de como<br />

tinha ido à praia de cascalhos em Hookton, quando era menino, na<br />

esperança de ver uma grande baleia capaz de engolir um homem. Do lado<br />

oposto a Jonas, e meio oculta por colunas, havia outra pintura que ele<br />

percebeu ser de são Juniano. Mostrava o monge ajoelhado num trecho de<br />

terra sem neve e olhando para cima, em êxtase, na direção de um braço<br />

que se estendia do céu para lhe oferecer uma espada.<br />

— É isso! — disse, fascinado.<br />

Os monges que estavam no fundo da igreja o ouviram e a maioria<br />

se virou, vendo Genevieve e Bertille.<br />

— Mulheres! — sibilou um deles, alarmado.<br />

Um segundo monge veio rapidamente até Thomas.<br />

— Os peregrinos só podem entrar na igreja entre as matinas e a<br />

nona — disse indignado. — Agora não! Todos vocês, saiam!<br />

Robbie, Keane, Sire Roland e os três gascões haviam seguido<br />

Thomas dentro da igreja, e o monge indignado abriu os braços para mandálos<br />

todos embora.<br />

— Vocês estão usando espadas! — protestou o sujeito. — Devem<br />

sair!<br />

Mais monges se viraram, e o cântico foi interrompido por um<br />

rosnado. Thomas se lembrou de seu pai dizendo que um bando de monges<br />

era algo mais amedrontador do que qualquer bando de bandoleiros. “As<br />

pessoas acham que eles não passam de idiotas capados”, dissera o padre<br />

Ralph, “mas não são, por Deus, não são! Eles podem lutar como selvagens!”<br />

Aqueles monges estavam doidos por uma briga, e deviam ser pelo menos<br />

duzentos. Talvez achassem que nenhum homem de armas ousaria<br />

desembainhar uma espada dentro da abadia, e o monge mais perto de<br />

Thomas provavelmente acreditava nisso, porque lançou a mão carnuda<br />

contra o peito dele no instante em que um sino tocou no altar elevado.<br />

Tocou freneticamente e foi reforçado pelo som de um cajado batendo no<br />

chão de pedra.<br />

— Deixem que eles fiquem! — gritou uma voz forte. — Ordeno que<br />

permaneçam! — As vozes do cântico foram silenciando, desencontradas,<br />

até cessarem por completo. O monge ainda estava com a mão no peito de<br />

Thomas.<br />

— Tire-a — disse Thomas baixinho.<br />

O homem espiou-o com olhos hostis. Thomas segurou a mão dele.<br />

Torceu-a para trás com a mesma força que usava para puxar a corda de<br />

um arco de guerra. O monge resistiu, depois seus olhos se arregalaram de<br />

medo ao sentir a força do arqueiro. Tentou afastar a mão, e Thomas

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