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DIÁRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Assembléia Legislativa do ...

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Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2153<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, lutamos para discutir,<br />

pelo menos, e implantar, pelo menos, por algum<br />

tempo, porque toda medida de ação afirmativa é<br />

temporária, e logo que ela cumpre seus objetivos<br />

pára de funcionar. Mas para lançar essa idéia de<br />

que numa sociedade, como a nossa, se não forem<br />

democraticamente divididas as oportunidades, os<br />

benefícios, a riqueza <strong>do</strong> País, não alcançaremos<br />

o desenvolvimento que to<strong>do</strong>s desejam porque<br />

essa discriminação desqualifica praticamente<br />

metade da população <strong>do</strong> País. E, como se diz: a<br />

riqueza <strong>do</strong> País é o brasileiro, se você<br />

desqualifica metade dessa população a outra<br />

metade sozinha não chegará lá.<br />

Não quero ser nenhum “Cassandra” para<br />

dizer que também pode chegar o momento de<br />

essa negrada não seguir mais Martin Luther<br />

King, que queria todas as mudanças<br />

pacificamente; pode chegar o tempo em que essa<br />

negrada comece a seguir a linha <strong>do</strong>s “black<br />

panthers”. E, quan<strong>do</strong> chegar a essa linha “black<br />

panthers”, talvez, aí algumas lideranças<br />

comecem a ouvir o discurso, que chamaríamos<br />

de discurso modera<strong>do</strong>, o discurso que to<strong>do</strong>s que<br />

estão nessa luta em to<strong>do</strong>s os setores, ...<br />

Na Universidade tivemos, agora, a I<br />

Conferência Estadual de Igualdade Racial e<br />

to<strong>do</strong>s desejan<strong>do</strong> a luta por meios pacíficos. Mas,<br />

ninguém sabe <strong>do</strong> futuro! As nações que fizeram<br />

exageradamente essa opressão contra negros<br />

terminaram por criar uma hostilidade que torna a<br />

qualidade de vida uma coisa negativa em que um<br />

membro da população odeia o outro<br />

gratuitamente por ser diferente.<br />

Num País como os Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s da<br />

América, racista como são, lá existe um forte<br />

racismo individual, que não existe aqui; como há<br />

também um forte racismo institucional, que<br />

existe aqui; e há um forte racismo cultural, que<br />

existe aqui; mas eles não têm o individual, que é<br />

o mais aparente, visível, não temos o individual,<br />

eles têm. No Governo Republicano, se não me<br />

engano, Bush é republicano. É verdade.<br />

Um Governo conserva<strong>do</strong>r, que<br />

representa o aspecto mais conserva<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s<br />

Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, inclusive a visão sulista da<br />

realidade. Tem um irmão que é Governa<strong>do</strong>r da<br />

Flórida, pois bem, lá nomeou um negro como<br />

seu primeiro ministro. Um ministro de esta<strong>do</strong><br />

nos Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s é como se fosse um primeiro<br />

ministro.<br />

Agora, pior ainda, saiu um negro e<br />

colocou uma negra, a Con<strong>do</strong>lessa Rice. Já<br />

sonharam com isso? Temos hoje no Ministério<br />

Federal <strong>do</strong>is Ministros negros e uma Ministra<br />

negra, totalizam três negros, mas estão fora <strong>do</strong><br />

núcleo <strong>do</strong> Poder. A ministra Con<strong>do</strong>lessa Rice<br />

fala pelo Governo <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, está no<br />

núcleo central <strong>do</strong> Poder.<br />

Será que os portugueses foram mais<br />

hábeis <strong>do</strong> que os ingleses, que povoaram a<br />

América <strong>do</strong> Norte? Porque nos tiraram, o que<br />

chamaríamos de identidade. Tiraram-nos a<br />

solidariedade racial, com o mito da democracia<br />

racial.<br />

É preciso refletir sobre essas coisas,<br />

porque achamos que é o momento adequa<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> o impulso vem <strong>do</strong> próprio Governo<br />

Federal que transformou 2005 no ano da luta<br />

pela igualdade racial. O aspecto dessa luta passa<br />

pela educação: melhoria das condições de<br />

trabalho <strong>do</strong>s professores, melhoria de salários,<br />

<strong>do</strong>s livros didáticos, mas também “empretecer”<br />

um pouco as nossas escolas.<br />

Estávamos anotan<strong>do</strong> o que um menino<br />

negro sofre na escola. A maioria freqüenta<br />

ensino público de baixa qualidade. Trata-se de<br />

um ensino que não valoriza o universo <strong>do</strong><br />

estudante negro, não estimula a sua auto-estima.<br />

A onipresença <strong>do</strong> racismo anti-negro em que há<br />

escolas, em que há crianças, que têm piti...<br />

O Dr. Hédio Silva está chegan<strong>do</strong>.<br />

“Cesse tu<strong>do</strong> que a musa antiga<br />

canta, porque outro poder mais<br />

alto se alevanta”.<br />

O SR. PRESIDENTE – (CÉSAR<br />

COLNAGO) – Professor Joaquim Beato, com<br />

certeza, com essas palavras tão sábias e belas,<br />

pode encerrar o seu raciocínio, até porque<br />

aprendemos muito com V.Exª.<br />

O SR. JOAQUIM BEATO – Muito<br />

obriga<strong>do</strong>! Terminan<strong>do</strong>: quero dizer que o<br />

menino negro entra numa escola branca, e lá,<br />

colegas que não toleram nem sentar perto dele e<br />

nem brincar com ele.<br />

Textos que não falam da herança negra<br />

deste País, da cultura negra neste País, da<br />

presença negra neste País, <strong>do</strong> trabalho negro<br />

neste País e professores que não investem no<br />

estudan<strong>do</strong> negro porque acham que não haverá<br />

retorno, com to<strong>do</strong>s esses impedimentos o

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