DIÃRIO OFICIAL PODER LEGISLATIVO - Assembléia Legislativa do ...
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Vitória-ES, quarta-feira, 25 de maio de 2005 Diário <strong>do</strong> Poder Legislativo - 2165<br />
O SR. ANTONIO CARLOS DO<br />
NASCIMENTO – Sou um negro em<br />
movimento.<br />
Gostaria de colocar uma questão que<br />
talvez não seja o momento, mas queria saber <strong>do</strong><br />
professor Joaquim Beato se já não é momento de<br />
pensarmos nela. Discutem-se as cotas na<br />
universidade, mas gostaria de saber se já não<br />
passou da hora de discutirmos a questão <strong>do</strong><br />
negro no merca<strong>do</strong> de trabalho.<br />
Recentemente, foi realizada em Vitória<br />
uma conferência estadual, que foi para mim um<br />
sucesso. Lá tive oportunidade de falar que há<br />
alguns anos, no início <strong>do</strong>s anos 90, eu trabalhava<br />
na empresa Usiminas, num local onde era feito o<br />
aço. O local mais agressivo. Quan<strong>do</strong> cheguei<br />
àquela empresa, em 1978, perguntei ao meu<br />
supervisor por que ali só trabalhava negro. Ele<br />
me respondeu que era um local em que o negro<br />
se adaptava devi<strong>do</strong> ao forte calor; que na África<br />
o clima era muito quente. Recentemente voltei<br />
ao mesmo local, e, por ironia <strong>do</strong> destino,<br />
encontrei só branco trabalhan<strong>do</strong>, mas em salas,<br />
ar condiciona<strong>do</strong>, painéis, computa<strong>do</strong>res. Eu não<br />
vi negro naquele local; só branco.<br />
Então, gostaria de saber <strong>do</strong> senhor se já<br />
não é o momento também de discutirmos a cota<br />
para negros no merca<strong>do</strong> de trabalho. E se já não<br />
é o momento de repensarmos e buscarmos,<br />
principalmente nas periferias, novas lideranças<br />
<strong>do</strong> movimento negro, porque sentimos que novas<br />
idéias surgem e precisamos oxigenar essa<br />
discussão.<br />
O SR. DANILO BICALHO – Boanoite<br />
a todas e to<strong>do</strong>s. Sou Coordena<strong>do</strong>r Regional<br />
da Executiva Nacional <strong>do</strong>s Estudantes de<br />
Comunicação Social. Quero trazer um pouco <strong>do</strong><br />
debate que fazemos na Executiva, sobre<br />
opressão. E, opressão engloba vários fatores:<br />
opressões de etnias, de gênero.<br />
Vemos a ação afirmativa como uma<br />
saída emergencial e importante para o momento<br />
em que vivemos, para não termos mais a<br />
universidade, por exemplo, no momento desse<br />
debate da reforma universitária, como uma mera<br />
reprodutora da nossa sociedade, mas para que<br />
tenhamos, com a inserção <strong>do</strong>s negros, das nossas<br />
classes oprimidas durante esses quinhentos anos<br />
de Brasil, uma universidade que atenda também<br />
as essas classes e de alguma forma gere<br />
conhecimentos que modifiquem a nossa<br />
sociedade.<br />
Professor Joaquim Beato, não seria o<br />
caso de, talvez pensan<strong>do</strong> um pouco<br />
utopicamente, extinguirmos os vestibulares ao<br />
invés de criarmos cotas?<br />
O SR. PRESIDENTE –( CÉSAR<br />
COLNAGO) - Antes de nosso palestrante Hédio<br />
Silva responder, o professor Santinho Ferreira de<br />
Souza também tem algumas informações<br />
importantes. Está representan<strong>do</strong> a Universidade<br />
Federal <strong>do</strong> Espírito Santo e solicitou um tempo<br />
para expor as suas informações e seus<br />
pensamentos em nome da UFES.<br />
Conce<strong>do</strong> a palavra ao professor Santinho<br />
Ferreira de Souza.<br />
O SR. SANTINHO FERREIRA DE<br />
SOUZA – A Pró-reitoria de Graduação da<br />
Universidade Federal <strong>do</strong> Espírito Santo é a<br />
unidade que necessariamente apresentará aos<br />
órgãos colegia<strong>do</strong>s superiores a proposta de<br />
adesão às cotas, não necessariamente com o viés<br />
racial, mas um modelo à Universidade.<br />
Ela vem assumin<strong>do</strong> e cumprin<strong>do</strong> o<br />
compromisso de subsidiar os órgãos colegia<strong>do</strong>s<br />
com da<strong>do</strong>s de qualidade e de quantidade, que<br />
estamos consideran<strong>do</strong> básicos e exemplares para<br />
que os órgãos superiores da Universidade<br />
possam tomar uma decisão adequada.<br />
Temos alguns da<strong>do</strong>s <strong>do</strong> processo<br />
seletivo <strong>do</strong> vestibular 2005, e pedimos à<br />
professora Adriana Pereira para fazer essa<br />
explanação. Esses da<strong>do</strong>s estão sen<strong>do</strong> utiliza<strong>do</strong>s<br />
pela Comissão Pró-Cotas da UFES, além de<br />
outros que estão sen<strong>do</strong> apresenta<strong>do</strong>s a essa<br />
Comissão para que ela possa apresentar uma<br />
proposta de <strong>do</strong>cumento bem assentada em da<strong>do</strong>s<br />
de qualidade.<br />
A SRA. ADRIANA PEREIRA – Boanoite,<br />
Dr. Hédio Silva e Sr. Presidente.<br />
Estivemos durante quase <strong>do</strong>is anos nesta<br />
Comissão, varian<strong>do</strong> um pouco de comissão,<br />
tentan<strong>do</strong> construir elementos para que<br />
pudéssemos discutir na UFES a questão das<br />
cotas.<br />
A primeira coisa que avaliamos - e foi<br />
muito noticia<strong>do</strong> no ano passa<strong>do</strong> - foi que não<br />
havia um único da<strong>do</strong> na Universidade a respeito<br />
da entrada de negros. Não dispúnhamos de da<strong>do</strong>s<br />
quanto ao número de monitores, quantos alunos