O Papel da Informação Geográfica na Sociedade - Instituto ...
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Destaque<br />
14<br />
dissemi<strong>na</strong>r a informação geográfica. O desafio será agora,<br />
sobretudo, o <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de.<br />
deverá ain<strong>da</strong> juntar-se a exigência de novas soluções, mais<br />
complexas e inovadoras, ou seja, mais sofistica<strong>da</strong>s.<br />
As tremen<strong>da</strong>s quanti<strong>da</strong>des de informação geográfica já hoje<br />
disponíveis, e as que virão a ser gera<strong>da</strong>s amanhã, para uma<br />
quanti<strong>da</strong>de ca<strong>da</strong> vez mais alarga<strong>da</strong> de utilizadores, também<br />
ca<strong>da</strong> vez mais díspares, a par com ferramentas que se têm<br />
sobretudo desenvolvido <strong>na</strong> última déca<strong>da</strong> mas a necessitar<br />
ain<strong>da</strong> de reformulações, vieram colocar desafios inesperados.<br />
Não só os utilizadores se tor<strong>na</strong>ram mais diversos, como<br />
também os seus interesses, conhecimentos e capaci<strong>da</strong>des<br />
de li<strong>da</strong>r com informação desta <strong>na</strong>tureza. Mas os perigos são<br />
também enormes.<br />
Esta “socialização” <strong>da</strong> geo-informação, como alguns a apeli<strong>da</strong>m,<br />
veio trazer também para a discussão as consequências<br />
sociais destes <strong>da</strong>dos, do seu uso e do desenvolvimento<br />
<strong>da</strong>s aplicações tecnológicas (MCLAFFERTY, 2004). Um<br />
dos domínios em questão é o <strong>da</strong> protecção <strong>da</strong> privaci<strong>da</strong>de<br />
individual dos ci<strong>da</strong>dãos, <strong>da</strong> confidenciali<strong>da</strong>de dos <strong>da</strong>dos<br />
e dos seus impactos negativos <strong>na</strong> socie<strong>da</strong>de. A revolução<br />
situa-se ain<strong>da</strong> <strong>na</strong> forma como as pessoas interagem com<br />
as instituições, através do uso <strong>da</strong>s novas tecnologias e com<br />
a Internet.<br />
Este utilizador comum, como lhe chamámos para o distinguir<br />
<strong>da</strong>quele que até ao momento presente tem manipulado<br />
as ferramentas e a informação, é também ca<strong>da</strong> vez<br />
mais uma enti<strong>da</strong>de abstracta e volátil, difícil de classificar ou<br />
padronizar. O utilizador de hoje constitui um universo vasto<br />
e díspar de indivíduos, situados algures no mundo, simplesmente<br />
curiosos ou ávidos de conhecimentos, ou ain<strong>da</strong> a<br />
necessitar do auxílio dos novos meios <strong>na</strong> resolução de inúmeros<br />
problemas concretos do seu dia-a-dia (procurar uma<br />
rua ou a farmácia de serviço, escolher um percurso, a<strong>na</strong>lisar<br />
em tempo real os resultados eleitorais, etc.). O desafio está<br />
lançado às Ciências <strong>da</strong> Informação Geográfica, em particular<br />
à Cartografia, e há ain<strong>da</strong> um longo caminho a percorrer. Na<br />
situação actual, os profissio<strong>na</strong>is que li<strong>da</strong>m com ferramentas<br />
ca<strong>da</strong> vez mais complexas e poderosas continuam ain<strong>da</strong><br />
muito centrados nos aspectos técnicos e tecnológicos <strong>da</strong>s<br />
questões, isto é, <strong>na</strong> exploração e análise <strong>da</strong>s potenciali<strong>da</strong>des<br />
dessas mesmas ferramentas. Por vezes, estes profissio<strong>na</strong>is,<br />
deslumbrados com a descoberta <strong>da</strong>s novas tecnologias,<br />
limitam-se ape<strong>na</strong>s a aplicá-las, sem qualquer inovação ou<br />
crítica, a esta ou àquela área do território.<br />
Não é pois surpreendente que, entre as acções do plano<br />
estratégico <strong>da</strong> Associação Cartográfica Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l a implementar<br />
para 2003-2011, se incluam, <strong>na</strong> perspectiva<br />
em que colocámos aqui a discussão: o desenvolvimento<br />
de nova investigação no domínio <strong>da</strong> utilização <strong>da</strong>s cartas,<br />
abrangendo o modo como mais pessoas devam ser inicia<strong>da</strong>s<br />
no uso de <strong>da</strong>dos espaciais, de ferramentas com interesse<br />
geográfico e de produtos cartográficos; a aplicação<br />
mais ampla dos princípios cartográficos <strong>na</strong>s tecnologias <strong>da</strong><br />
informação; orientações gerais para uso e apresentação de<br />
<strong>da</strong>dos geo-espaciais <strong>na</strong> Internet; a produção de atlas sobre<br />
temas globais específicos; etc.<br />
Por enquanto, as manifestações dos utilizadores comuns <strong>da</strong><br />
informação geográfica não passam de titubeantes sussurros.<br />
Suspeitamos, contudo, que dentro em breve se possam<br />
transformar em grito colectivo: basta <strong>da</strong>s mesmas imagens<br />
cansativas n<br />
Remate<br />
Referimos aqui alguns aspectos <strong>da</strong> vasta luta a travar neste<br />
desafio sem precedentes: os utilizadores comuns <strong>da</strong> informação<br />
geográfica são mais exigentes do que geralmente<br />
se supõe, e tor<strong>na</strong>r-se-ão ain<strong>da</strong> mais no futuro. Não é só<br />
mais informação disponível que reclamam (e reclamarão),<br />
é também a melhoria <strong>da</strong> sua quali<strong>da</strong>de. A essa quali<strong>da</strong>de<br />
Maria Hele<strong>na</strong> Dias, Geógrafa, Professora Associa<strong>da</strong> <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
de Lisboa e investigadora do Centro de Estudos Geográficos<br />
(mhdias@fl.ul.pt).