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O Papel da Informação Geográfica na Sociedade - Instituto ...

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Destaque<br />

17<br />

Os programas eleitorais dos partidos com assento parlamentar<br />

constituem uma fonte óbvia e fácil por onde começar<br />

a pesquisa de informação que suporte esta abor<strong>da</strong>gem.<br />

Nessa pesquisa encontrei as seguintes referências:<br />

· A actualização do ca<strong>da</strong>stro <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des florestais, a<br />

custos reduzidos, de modo a que os proprietários assumam<br />

a sua responsabili<strong>da</strong>de <strong>na</strong> conservação <strong>da</strong> floresta (BE);<br />

· Concretização e obrigatorie<strong>da</strong>de de elaboração <strong>da</strong> cartografia<br />

<strong>da</strong>s zo<strong>na</strong>s inundáveis e do inventário de ocupação do<br />

domínio hídrico; Intensificação dos trabalhos de cartografia<br />

geológica e hidrogeológica de base; Prosseguir com os<br />

estudos, a prospecção e a cartografia dos recursos energéticos<br />

em território <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, no que se refere quer a jazi<strong>da</strong>s<br />

de recursos geológicos quer a fluxos de energia renováveis;<br />

Concretização, criação e monitorização, de um sistema<br />

<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de <strong>da</strong>dos sobre o comportamento do território<br />

(PCP);<br />

· Realizar o ca<strong>da</strong>stro <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de prédios no prazo máximo<br />

de 4 anos; elaborar um ca<strong>da</strong>stro simplificado dos prédios<br />

rústicos (PSD);<br />

· Criação do sistema <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l de informação territorial, no<br />

quadro de uma política de informação geográfica (PS).<br />

Um dos aspectos interessantes do recurso aos programas<br />

eleitorais é que estão relativamente livres de constrangimentos,<br />

sobretudo por parte dos partidos que não têm a expectativa<br />

de formar governo. As referências ao interesse <strong>da</strong><br />

informação geográfica não surgem assim fortemente condicio<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />

por restrições de ordem prática e seriam portanto<br />

apresenta<strong>da</strong>s como a expressão pura de uma utili<strong>da</strong>de.<br />

É uma pe<strong>na</strong> os programas eleitorais não serem feitos em<br />

forma de resposta a um questionário elaborado pela Presidência<br />

<strong>da</strong> República, por um lado era mais fácil compará-los<br />

e, por outro, havia mais garantias de que coisas importantes<br />

não eram esqueci<strong>da</strong>s. Assim, não se pode deduzir que as<br />

intenções sejam contraditórias, simplesmente se deduz que<br />

os programas foram escritos por pessoas com sensibili<strong>da</strong>des<br />

diferentes para um tema que é relativamente frio do<br />

ponto de vista mediático.<br />

Poder-se-á dizer que a informação geográfica não tem muitas<br />

referências nos programas porque não é objecto <strong>na</strong>tural<br />

de matéria política, <strong>da</strong>do ser simplesmente uma matéria<br />

prima, tal como não surgem referências à produção de betuminoso<br />

no meio <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s anuncia<strong>da</strong>s para as obras<br />

públicas. Mas se fosse um produto raro e as estra<strong>da</strong>s não<br />

fossem termi<strong>na</strong><strong>da</strong>s por falta de betuminoso, então este já<br />

passaria a ser um problema político. Poderia assim presumirse<br />

<strong>da</strong>s escassas referências nos programas eleitorais que a<br />

informação geográfica existe em quanti<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de<br />

adequa<strong>da</strong>s e que o seu uso é generalizado, excepção feita<br />

ao ca<strong>da</strong>stro, que é referido, embora com enfoques diferentes,<br />

em mais do que um programa. Todos os programas<br />

são ricos em medi<strong>da</strong>s, nomea<strong>da</strong>mente nos domínios ambientais,<br />

<strong>na</strong> protecção civil e no orde<strong>na</strong>mento do território,<br />

que requerem a existência de informação geográfica e que<br />

beneficiariam de políticas que a favorecessem. No entanto,<br />

só num caso é mencio<strong>na</strong><strong>da</strong> uma política de informação<br />

geográfica e um sistema de informação territorial que são<br />

mais abrangentes que as propostas, sem dúvi<strong>da</strong> úteis, para<br />

aspectos sectoriais.<br />

Destes programas tão curtos conseguem-se, apesar de tudo,<br />

extrair algumas indicações. Note-se o cui<strong>da</strong>do do Bloco de<br />

Esquer<strong>da</strong> em escrever que o ca<strong>da</strong>stro <strong>da</strong>s áreas florestais<br />

é feito a custos reduzidos. Obviamente que <strong>na</strong><strong>da</strong> deve ser<br />

feito com desperdício de dinheiros públicos ou privados,<br />

não está explícito quem suporta os custos. Mas qual a razão<br />

deste detalhe? Será que a gestão <strong>da</strong> floresta não merece<br />

que se gaste dinheiro num ca<strong>da</strong>stro? A partir de quanto<br />

dinheiro gasto em ca<strong>da</strong>stro é que seria justificável colocar<br />

a floresta em risco? Provavelmente este é só um detalhe<br />

de re<strong>da</strong>cção, mas é revelador <strong>da</strong> convicção subconsciente,<br />

e que julgo abranger mais do que um sector político,<br />

de que o dinheiro gasto com informação geográfica não se<br />

enquadra como parte do custo necessário à resolução de<br />

um problema. Note-se, <strong>da</strong> parte do Partido Social Democrata,<br />

a proposta de um ca<strong>da</strong>stro dos prédios e de um ca<strong>da</strong>stro<br />

simplificado dos prédios rústicos. O termo simplificado<br />

revela alguma falta de esperança, que não é de todo injustifica<strong>da</strong><br />

se considerarmos que a história <strong>da</strong> elaboração<br />

do ca<strong>da</strong>stro já dura há 200 anos sem grandes resultados,<br />

mas talvez não houvesse prejuízo em usar uma formulação<br />

alter<strong>na</strong>tiva, propondo um ca<strong>da</strong>stro que fosse funcio<strong>na</strong>l e de<br />

actualização sustentável. Nesse caso nem se poderia dizer<br />

que era simplificado, era o ca<strong>da</strong>stro necessário e suficiente.<br />

O programa do Partido Comunista Português nesta matéria<br />

é manifestamente sectorial, o que provavelmente tem mais

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