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O Papel da Informação Geográfica na Sociedade - Instituto ...

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Destaque<br />

23<br />

é fun<strong>da</strong>mentalmente um instrumento de posicio<strong>na</strong>mento,<br />

ou seja, a identificação de coorde<strong>na</strong><strong>da</strong>s sobre uma carta<br />

impressa, utilizando características geográficas representa<strong>da</strong>s<br />

como referência, é um método de determi<strong>na</strong>ção de<br />

coorde<strong>na</strong><strong>da</strong>s prático, rápido e que não requer equipamento<br />

nem conhecimentos sofisticados. Note-se que, antes <strong>da</strong><br />

existência de GPS, os métodos topográficos e fotogramétricos<br />

apoiados <strong>na</strong> rede geodésica seriam a alter<strong>na</strong>tiva para<br />

a determi<strong>na</strong>ção de coorde<strong>na</strong><strong>da</strong>s, indubitavelmente menos<br />

práticos e menos acessíveis para grande parte <strong>da</strong>s situações<br />

de utilização.<br />

Daí o conceito de cartografia de base e de cartografia temática,<br />

a primeira providencia a geo-referenciação e a<br />

segun<strong>da</strong> usa essa base para geo-referenciar outras características<br />

geográficas. Ou seja, a função <strong>da</strong> cartografia de<br />

base é providenciar os elementos suficientes para permitir<br />

o posicio<strong>na</strong>mento, de forma relativa, de outras características<br />

geográficas. Assim, a geo-referenciação <strong>da</strong> componente<br />

temática é assegura<strong>da</strong> pela sua sobreposição <strong>na</strong> base e a<br />

componente posicio<strong>na</strong>l está, neste contexto, sempre associa<strong>da</strong><br />

à apresentação do tema sobre a base.<br />

Ora facilmente se verifica que em suporte digital os temas<br />

são autónomos em termos de geo-referenciação. As possibili<strong>da</strong>des<br />

de composição de temas são inúmeras, esta é<br />

aliás uma <strong>da</strong>s grandes vantagens <strong>da</strong> informação geográfica<br />

digital, e portanto a existência de um tema tor<strong>na</strong>-se independente<br />

<strong>da</strong> existência de uma base e este passa a poder<br />

ser utilizado individualmente. Os conceitos de cartografia de<br />

base e de cartografia temática deixaram assim de ser sustentáveis,<br />

principalmente deixa de haver benefício prático<br />

em ter esta divisão vinca<strong>da</strong> teoricamente de um modo tão<br />

fun<strong>da</strong>mental, a não ser que sejam entendidos como desig<strong>na</strong>ções<br />

de produtos impressos. Veja-se, como exemplo, que<br />

um tema pode ser produzido individualmente com recurso<br />

a GPS, e nesse caso não tem uma base, ou por classificação<br />

de imagens de satélite e, nesse caso, esta base não tem<br />

necessariamente que acompanhar o tema. Estes <strong>da</strong>dos têm<br />

características de quali<strong>da</strong>de próprias e são estas que condicio<strong>na</strong>m<br />

o seu uso.<br />

Assume aqui importância fun<strong>da</strong>mental o conceito de<br />

Conjunto de Dados Geográficos utilizado <strong>na</strong>s normas ISO<br />

19100, que introduz, por si só, e de uma maneira simples,<br />

um corte radical com a abor<strong>da</strong>gem pelas “cartografias”. Um<br />

CDG pode corresponder a uma única característica geográfica,<br />

a um “tema” ou a um conjunto de “temas” (p.ex.: estra<strong>da</strong>s,<br />

casas, um plano de orde<strong>na</strong>mento, servidões, todos<br />

os componentes de um mapa de estra<strong>da</strong>s).<br />

Mas se os temas já são independentes <strong>da</strong> cartografia de<br />

base, então a produção desta deveria ser repensa<strong>da</strong> para<br />

as suas novas funções. Talvez a abor<strong>da</strong>gem correcta fosse<br />

não somente a de repensar o produto mas a de repensar<br />

a própria estratégia e passar a produzir CDG de interesse<br />

genérico. A abor<strong>da</strong>gem por CDG <strong>da</strong>ria eficácia à regulamentação,<br />

actualmente bloquea<strong>da</strong> pela utilização dos<br />

conceitos de cartografia de base topográfica e de cartografia<br />

temática.<br />

Para a utilização como base de geo-referenciação é suficiente<br />

a utilização de catálogos de características geográficas<br />

com pouca diferenciação temática. Há que evitar a tentação<br />

de abusar <strong>da</strong>s possibili<strong>da</strong>des do desenho digital, agora<br />

liberto <strong>da</strong>s restrições de legibili<strong>da</strong>de gráfica, e enriquecer<br />

demasiado a legen<strong>da</strong>, ou seja, a diferenciação temática.<br />

Esta opção conduz, por um lado, a produção e manutenção<br />

mais onerosas sem o benefício correspondente, uma vez<br />

que a diferenciação temática feita de um modo generalista<br />

dificilmente satisfará o utilizador especializado e, por outro<br />

lado, à utilização de estruturas de <strong>da</strong>dos menos adequa<strong>da</strong>s,<br />

porque o local próprio para fazer a diferenciação temática é<br />

num sistema de informação e não num desenho. Subjacente<br />

a esta tendência está a crença no primeiro mito, que leva<br />

a acreditar que é possível caminhar para uma representação<br />

fiel do terreno juntando mais informação, que isso é só uma<br />

questão de aumentar o esforço, quando afi<strong>na</strong>l tal desiderato<br />

simplesmente não existe.<br />

Reflicta-se então sobre as representações geográficas com<br />

valor oficial que, de algum modo, estão cataloga<strong>da</strong>s como<br />

cartografia temática. A existência de uma base oficial, e o<br />

termo oficial é aqui utilizado no sentido de uma base que<br />

proporcio<strong>na</strong> uma geo-referenciação váli<strong>da</strong> para fins oficiais,<br />

é redun<strong>da</strong>nte porque a geometria dos CDG é <strong>da</strong><strong>da</strong> directamente<br />

pelas suas coorde<strong>na</strong><strong>da</strong>s em forma digital e não por<br />

estarem desenhados em cima de algo. A oficialização, nos<br />

casos em que fosse aplicável, deveria incidir sobre a versão<br />

digital e atender às características de quali<strong>da</strong>de do CDG em

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