28.11.2014 Views

O Papel da Informação Geográfica na Sociedade - Instituto ...

O Papel da Informação Geográfica na Sociedade - Instituto ...

O Papel da Informação Geográfica na Sociedade - Instituto ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Artigo<br />

64<br />

cópias (incluindo alguns de importância singular visto os<br />

origi<strong>na</strong>is terem desaparecido), efectuados por Oficiais do<br />

Exército e de Marinha, durante o período <strong>da</strong> Guerra Peninsular,<br />

e que posteriormente foram entregues nos arquivos<br />

do Rio de Janeiro.<br />

Com esta resenha, começamos a perceber o quão importante<br />

era para Portugal recuperar este património. Além <strong>da</strong>s<br />

questões relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s com a defesa, recorde-se que muitos<br />

mapas eram de cariz militar (reportando-se muitos deles à<br />

época <strong>da</strong> Reforma do Exército de 1762, do Conde de Lippe,<br />

que trouxe para Portugal, deze<strong>na</strong>s de Oficiais de Engenharia<br />

estrangeiros que cartografaram o país e fizeram escola),<br />

muita <strong>da</strong> cartografia era igualmente importante do ponto<br />

de vista económico, pois o período de governo do Marquês<br />

de Pombal, típico do estado moderno, foi igualmente muito<br />

profícuo no que se refere à representação do território,<br />

nomea<strong>da</strong>mente ao seu urbanismo, arquitectura e às várias<br />

activi<strong>da</strong>des económicas, como sejam as mi<strong>na</strong>s, os portos,<br />

os pinhais, as zo<strong>na</strong>s vinhateiras, as vias fluviais, etc.<br />

Na déca<strong>da</strong> de quarenta do séc. XIX, o Barão teve acesso ao<br />

Arquivo Militar do Rio de Janeiro e vê-se confrontado com<br />

a existência <strong>da</strong> grande riqueza e importância deste espólio<br />

cartográfico “esquecido” - cerca de 950 Cartas. Rapi<strong>da</strong>mente<br />

começa a preparar duas vertentes de actuação para “recuperar”<br />

tal tesouro.<br />

A nível interno solicita que seja facultado ao Palácio do Itamaraty<br />

(Secretaria de Estado dos Negócios Estrangeiros)<br />

um exemplar de ca<strong>da</strong> duplicado de Cartas que aí se encontravam<br />

e no caso de exemplares únicos, que se fizesse uma<br />

cópia dos mesmos que lhe seria entregue. Pensa-se ser<br />

esta a génese <strong>da</strong> actual importante Mapoteca do Itamaraty<br />

(Ministério dos Negócios Exteriores). Este núcleo central, ao<br />

qual se juntaram colecções particulares, como as do Barão<br />

de Rio Branco, Joaquim Nabuco, António Pimenta Branco,<br />

além <strong>da</strong> sua própria colecção, doa<strong>da</strong> pela viúva à posteriori,<br />

acabou por <strong>da</strong>r origem ao que se denominou então de<br />

Depósito de Cartas e Mapas Geográficos e que em 1931<br />

se transformou em Mapoteca do Itamaraty. Referência para<br />

os estudos desenvolvidos e publicados pela Drª Isa Adonias,<br />

referentes a este importante arquivo, e que a mesma teve<br />

oportuni<strong>da</strong>de de chefiar.<br />

A nível externo inceta contactos diplomáticos com várias<br />

enti<strong>da</strong>des com o fim de permutar com Portugal cópias de<br />

to<strong>da</strong> a cartografia que fosse considera<strong>da</strong> importante e de<br />

interesse para ambos os países. Recorde-se que entre as<br />

cerca de 950 cartas “encontra<strong>da</strong>s” no Arquivo Militar do Rio<br />

de Janeiro, cerca de metade eram referentes a Portugal e<br />

seus domínios ultramarinos (que não Brasil). Man<strong>da</strong>tado<br />

pelo Governo Brasileiro, vem a Lisboa em 1863 apresentar<br />

oficialmente os termos gerais do possível Convénio e simultaneamente<br />

fazer o reconhecimento pessoal do que havia<br />

em Lisboa de interesse exclusivo para o Brasil. Inicialmente,<br />

o Barão detém uma lista de 49 lotes cartográficos com interesse<br />

para Portugal para serem apresentados para possível<br />

troca. Reforça-se a ideia inicial de que o pretendido seria<br />

permutar cópias, devendo os origi<strong>na</strong>is manter-se à guar<strong>da</strong><br />

dos respectivos países.<br />

Rapi<strong>da</strong>mente recebe o apoio do Embaixador brasileiro em<br />

Lisboa, Barão de Itamaracá (um outro estadista com experiência<br />

<strong>na</strong> área <strong>da</strong> delimitação de fronteiras), que inicia os<br />

contactos formais com Ministro dos Negócios Estrangeiros<br />

português, o Duque de Loulé. De imediato houve anuência<br />

portuguesa para tal acordo, pois eram notórias as vantagens<br />

para ambas as <strong>na</strong>ções, e após as formali<strong>da</strong>des diplomáticas<br />

estarem salvaguar<strong>da</strong>s ao mais alto nível, o Governo nomeou<br />

Filipe Folque como seu representante <strong>na</strong>s negociações.<br />

Enquanto todos estes procedimentos administrativos tinham<br />

lugar, o Barão de Ponte Ribeiro deu início ao tão necessário<br />

reconhecimento presencial junto dos arquivos portugueses.<br />

Numa primeira fase, inventaria e faz conhecer ao<br />

governo protuguês, os seus desejos de permutar as cartas<br />

acha<strong>da</strong>s no Brasil por 175 cartas encontra<strong>da</strong>s em Lisboa.<br />

Foram encontrados 175 espécimes cartográficos referentes<br />

ao Brasil, e considerados de grande importância, em três<br />

organismos de Lisboa: no Real Arquivo Militar (101), no Arquivo<br />

Ultramarino de Lisboa (53) e <strong>na</strong> Biblioteca Pública de<br />

Lisboa (21). Este número elevado de exemplares deve ter<br />

surpreendido Ponte Ribeiro, que diligência junto do Barão<br />

de Itamaracá para que se tentem encontrar mais cartas de<br />

interesse para Portugal nos arquivos do Brasil. A troca teria<br />

que ser muito aliciante para Portugal para que não houvesse<br />

o perigo <strong>da</strong> tão necessária permuta ser adia<strong>da</strong> ou<br />

mesmo recusa<strong>da</strong>.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!