O Papel da Informação Geográfica na Sociedade - Instituto ...
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Artigo<br />
40<br />
Câmaras Digitais<br />
As câmaras fotográficas aéreas digitais já existem há alguns<br />
anos mas ape<strong>na</strong>s agora começam a ser usa<strong>da</strong>s de forma<br />
sistemática. A redução dos custos de aquisição destas câmaras<br />
está a contribuir de forma relevante para a crescente<br />
implantação deste tipo de tecnologia.<br />
À semelhança do que acontece com as máqui<strong>na</strong>s fotográficas<br />
digitais de uso comum, também as câmaras aéreas têm<br />
como principal característica o facto de permitirem obter<br />
uma fotografia directamente em suporte digital. O desenvolvimento<br />
dos sensores CCD (Charge-Coupled Device),<br />
usados por este tipo de câmaras, permite considerar a utilização<br />
desta tecnologia para fins cartográficos. A metodologia<br />
de aquisição de cartografia com recurso a fotografias<br />
aéreas irá, nos próximos anos, passar necessariamente pelas<br />
câmaras digitais.<br />
O processo de produção cartográfica, com recurso a voos fotogramétricos,<br />
tem utilizado <strong>na</strong>s últimas déca<strong>da</strong>s fotografias<br />
obti<strong>da</strong>s a partir de câmaras a<strong>na</strong>lógicas, câmaras que utilizam<br />
um rolo fotográfico, que depois é revelado em laboratório.<br />
Inicialmente os aparelhos de restituição fotogramétrica usavam<br />
os diapositivos <strong>da</strong>s fotografias em formato a<strong>na</strong>lógico<br />
para recolher a informação. Posteriormente, com a chega<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s estações gráficas digitais, passou a ser necessário proceder<br />
à digitalização <strong>da</strong>s fotografias aéreas. Este procedimento<br />
é realizado por scanners fotogramétricos, aparelhos que<br />
fazem a conversão de <strong>da</strong>dos em formato a<strong>na</strong>lógico para<br />
formato digital. A produção de ortofotomapas a partir de<br />
ficheiros digitais obriga também à digitalização do filme.<br />
Com a chega<strong>da</strong> <strong>da</strong>s câmaras digitais elimi<strong>na</strong>-se o último<br />
elo, no processo de aquisição cartográfica através de voos<br />
fotogramétricos, que ain<strong>da</strong> não era digital. Neste momento<br />
já é possível estabelecer uma cadeia de produção de informação<br />
cartográfica exclusivamente digital.<br />
As vantagens <strong>da</strong>s câmaras aéreas não se esgotam no facto<br />
de permitirem obter directamente um ficheiro digital. Muitas<br />
permitem obter em simultâneo fotografias <strong>na</strong> composição<br />
RGB (composição vermelho, verde e azul) e também em<br />
NIR (infravermelho próximo), algo que com as câmaras<br />
convencio<strong>na</strong>is normalmente só se conseguia recorrendo a<br />
dois voos, ca<strong>da</strong> um usando um tipo filme.<br />
Outra característica importante deste tipo de tecnologia está<br />
relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> com a rapidez <strong>na</strong> aquisição dos <strong>da</strong>dos, quando<br />
compara<strong>da</strong> com as câmaras convencio<strong>na</strong>is. Como os<br />
processos de revelação fotográfica em laboratório e digitalização<br />
em scanners fotogramétricos deixam de ser necessários,<br />
é possível dispor do ficheiro digital de forma quase<br />
imediata ao voo. A primeira avaliação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s imagens<br />
pode inclusive ser realiza<strong>da</strong> durante o voo.<br />
Relacio<strong>na</strong>do com este aspecto está também a diminuição<br />
dos custos de aquisição <strong>da</strong> informação. Como deixa de ser<br />
necessário proceder à revelação e digitalização dos filmes,<br />
diminui-se de forma significativa os custos materiais e humanos<br />
no processo de aquisição <strong>da</strong>s imagens digitais.<br />
A quali<strong>da</strong>de radiométrica <strong>da</strong>s imagens obti<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong>s<br />
câmaras digitais surge também como uma mais valia neste<br />
tipo de tecnologia. Como o processo de digitalização em<br />
scanners é dispensado, as imagens não apresentam o “ruído”<br />
inerente a este tipo de procedimento. A informação<br />
surge de forma mais níti<strong>da</strong>, garantindo uma melhor definição<br />
dos objectos. Em algumas câmaras as imagens são<br />
também adquiri<strong>da</strong>s com uma resolução radiométrica de 12<br />
bits, em vez dos tradicio<strong>na</strong>is 8 bits obtidos <strong>na</strong> digitalização<br />
em scanner. Comparando duas imagens com a mesma resolução<br />
geométrica no terreno, uma obti<strong>da</strong> a partir de uma<br />
câmara convencio<strong>na</strong>l e posteriormente digitaliza<strong>da</strong>, e outra<br />
adquiri<strong>da</strong> por uma câmara digital, é possível constatar a quali<strong>da</strong>de<br />
radiométrica significativamente superior <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><br />
(Fig. 2).<br />
A melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> imagem é também devi<strong>da</strong> ao<br />
facto destas câmaras fazerem um melhor aproveitamento<br />
<strong>da</strong> luminosi<strong>da</strong>de existente, o que permite considerar a<br />
possibili<strong>da</strong>de de realizar voos com o Sol mais baixo que<br />
anteriormente. Ou seja, com este tipo de câmaras aumenta<br />
o número de horas em que é possível captar imagens ao<br />
longo do ano, tendo sempre em consideração o objectivo<br />
pretendido para as fotografias.