O Papel da InformaÃ§Ã£o GeogrÃ¡fica na Sociedade - Instituto ...

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Artigo 66 CA 396. “Planta da cidade de Tavira”, Jozé de Sande Vasconcellos (1800) o que muitas vezes dificultou e prolongou as negociações: além do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que fazia a ligação com os representantes do Brasil, o Ministério das Obras Públicas, Comérico e Indústria (tutela do Instituto Geographico – a autoridade nacional de Cartografia à época), o Ministério do Reino (governo geral e tutela da Biblioteca Pública de Lisboa), o Ministério da Guerra (tutela do Real Arquivo Militar) e o Ministério da Marinha e Ultramar (tutela do Arquivo Ultramarino de Lisboa). Pelo protagonismo que teve na coordenação deste Convénio e por ser uma figura marcante na história portuguesa (infelizmente muito pouco conhecida do grande público), importa aqui realçar, de forma sucinta, a figura do General Filipe Folque no contexto científico e social da época.
Artigo 67 Filipe de Sousa Folque (1800-1874), Oficial General do Exército, oriundo da Arma de Engenharia (não obstante os seus estudos militares iniciais terem sido feitos na Academia de Marinha), era filho de um outro distinto Oficial de Engenharia e grande especialista em cartografia – Pedro Folque, e cedo começou a ter contacto com esta ciência e arte. Graduou-se em Matemática na Universidade de Coimbra e começou a partilhar com o seu pai a coordenação dos trabalhos geográficos do Reino tendo-lhe sucedido na sua chefia. Recorde-se que o pai, Pedro Folque faleceu com 104 anos de idade e esteve à frente dos serviços cartográficos até aos 102 anos! Entre outras actividades desenvolvidas em paralelo com a sua profissão, Filipe Folque foi um músico exímio de reconhecidos méritos (além de co-fundador do Conservatório Real, juntamente com Almeida Garrett), Deputado por Portalegre (sua terra natal) e por Lisboa, além de membro de várias academias e sociedades científicas, nacionais e estrangeiras. Lente de Astronomia na Escola Politécnica de Lisboa, organizou e chefiou o Real Observatório Astronómico da Ajuda (Lisboa). Igualmente mentor do curso de Hidrografia para Oficiais de Marinha, passando a cartografia nacional a contar com engenheiros hidrógrafos a ombrear de igual, com os engenheiros geógrafos (Oficiais do Exército), assim como em 1864 apadrinha a criação do Corpo de Engenharia Civil junto do Ministério das Obras Públicas. Agraciado com inúmeras condecorações estrangeiras e nacionais, recebeu ainda os títulos régios de Conselheiro e de Par do Reino, tendo sido professor particular dos Príncipes Reais, nomeadamente de dois Reis de Portugal, D. Pedro V e seu irmão, D. Luís I, tendo-os acompanhado, enquanto jovens adolescentes, nas suas visitas às cortes europeias. Mas é na sua vertente de 41 anos de serviço dedicados à cartografia nacional (oficialmente 26 como responsável máximo) que vai buscar o respeito e os conhecimentos para coordenar e assinar, mandatado pelo Governo Português, um projecto internacional de tal importância, como é o do Convénio Cartográfico Luso-Brasileiro. Atendendo aos inúmeros afazeres de Filipe Folque, será num dos seus melhores subordinados do Instituto Geogra- phico, o Oficial do Exército e brilhante Geodeta, Francisco de Brito Limpo (inventor premiado internacionalmente com um instrumento de nivelamento) que recairá a importante missão de inventariar todos os documentos a permutar. Após meses de árduo trabalho, são avaliadas as cartas uma a uma e elaboradas listas detalhadas, com muita informação adicional além de pareceres pessoais sobre a importância das mesmas. Para uma apreciação mais detalhada sobre o esforço que envolveu a elaboração destas listas e seu conteúdo, há agora que salientar o excelente trabalho efectuado há cerca de 20 anos atrás, pelo Engº Gabriel Mendes e publicado na Revista nº 3 do então Instituto Geográfico e Cadastral. Assim, e numa primeira fase foram reunidos no Instituto Geographico, os espécimes cartográficos vindos do Brasil e que já se encontravam na Embaixada do Brasil em Lisboa (em 157 lotes), e elaborada uma relação geral. No final, são inventariados cerca de 1200 espécimes, o que ainda mais atesta o esforço de inventariação ! Muitos dos lotes eram compostos por múltiplas folhas, sendo que estes eram de importância variável. Além da cartografia propriamente dita, este património era de grande importância em termos iconográficos, tendo-se revelado para Portugal muito melhor troca do que inicialmente se podia ter ideia. Ressalva-se no entanto, que o Barão Ponte Ribeiro nunca sentiu, e sempre acreditou, que esta era uma permuta que o Brasil tinha que garantir, a bem da delimitação das suas fronteiras (e como tal da sua economia), e como tal só tinha a ganhar. Começou-se então a reunir no mesmo organismo, as colecções cartográficas enviadas pelos três arquivos que iriam devolver cartas do Brasil, sendo que o último foi o Real Arquivo Militar, pois tinha estado a decorrer o moroso processo de cópia das mesmas. Foram então elaboradas novas listas detalhadas e dado o parecer positivo para que o protocolo fosse assinado por ambas as partes. Uns meses mais tarde, após estes trabalhos preparatórios terminarem e serem efectuadas algumas reuniões preparatórias, tudo estava pronto para assinatura do Convénio e para que acontecesse, de facto, a importante permuta cartográfica. Em 14 de Janeiro de 1867, nas instalações do Instituto Geographico (no Palácio das Cortes, em S. Bento), é assinado por ambas as partes, o Convénio Cartográfico Luso-Brasileiro. A título de curiosidade, transcreve-se o texto
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