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desprovidas de senso crítico.<br />

Stephen Ceci, da Universidade de Cornell, Loftus e seus colegas<br />

descobriram, sem surpresa, que crianças em fase pré-escolar são excepcionalmente<br />

vulneráveis à sugestão. A criança que, a uma primeira pergunta, nega<br />

de forma correta ter prendido a mão numa ratoeira, mais tarde se lembra do<br />

evento com detalhes vívidos por ela inventados. Quando ouvem relatos mais<br />

diretos sobre “coisas que lhes aconteceram em criança”, elas assentem com<br />

bastante facilidade às lembranças implantadas. Os profissionais que<br />

observam as fitas de vídeo das crianças só conseguem distinguir por acaso as<br />

lembranças falsas das verdadeiras. Há alguma razão para pensar que os<br />

adultos sejam totalmente imunes às falibilidades demonstradas pelas<br />

crianças<br />

O presidente Ronald Reagan, que passou a Segunda Guerra<br />

Mundial em Hollllywood, descrevia com detalhes como libertara vítimas dos<br />

campos de concentração nazistas. Vivendo no mundo do cinema, ele<br />

aparentemente confundia um filme que tinha visto com uma realidade que<br />

não conhecera. Em muitas ocasiões, nas suas campanhas presidenciais, o sr.<br />

Reagan contou uma história épica de coragem e sacrifício na Segunda Guerra<br />

Mundial, uma inspiração para todos nós. Só que ela nunca aconteceu; era o<br />

enredo do filme A wing and a prayer [Uma asa e uma prece] – que também<br />

muito me impressionou, quando o vi com nove anos. Muitos outros exemplos<br />

desse tipo podem ser encontrados nas declarações públicas de Reagan. Não é<br />

difícil imaginar os sérios perigos públicos que nascem de ocasiões em que os<br />

líderes religiosos, científicos, militares ou políticos são incapazes de<br />

distinguir os fatos da ficção vívida.<br />

Ao se preparar para o depoimento no tribunal, as testemunhas<br />

recebem instruções de seus advogados. Com freqüência, são forçadas a<br />

repetir determinada história inúmeras vezes, até saberem todos os detalhes<br />

“corretos”. Por isso, ao depor, o que elas lembram é aquilo que contaram<br />

tantas vezes no escritório do advogado. As nuanças sofreram variações. Ou o<br />

relato talvez já não corresponda, nem mesmo em suas características<br />

principais, ao que de fato aconteceu. Convenientemente, as testemunhas<br />

podem ter esquecido que suas lembranças foram reprocessadas.<br />

Esses fatos são relevantes na avaliação dos efeitos sociais da<br />

publicidade e da propaganda nacional. Mas aqui eles sugerem que, no caso<br />

de raptos por alienígenas – quando as entrevistas em geral acontecem anos<br />

depois do evento alegado –, os terapeutas devem ser muito cuidadosos para<br />

não implantar, nem selecionar, acidentalmente, as histórias que evocam.<br />

Aquilo que realmente lembramos talvez seja um conjunto de<br />

fragmentos de memória alinhavados sobre um tecido de nossa própria<br />

invenção. Se costuramos com bastante inteligência, criamos para nós mesmos

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