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(quase escrevi “confessem”); em todas as três classes, os profissionais sentem<br />

a necessidade de defender a sua prática contra os colegas mais céticos; em<br />

todas as três classes, a hipótese iatrogênica é eliminada sumariamente; em<br />

todas as três classes, a maioria dos que denunciam abusos são mulheres. E em<br />

todas as três classes – com as exceções já mencionadas – inexiste evidência<br />

física. Por isso, é difícil não se perguntar se os raptos por alienígenas não<br />

fariam parte de um quadro mais amplo.<br />

O que poderia ser esse quadro mais amplo Fiz essa pergunta ao dr.<br />

Fred H. Frankel, professor de psiquiatria na Escola de Medicina de Harvard,<br />

chefe de psiquiatria do Hospital Beth Israel em Boston e renomado<br />

especialista em hipnose. Sua resposta:<br />

Se os raptos por alienígenas fazem parte de um quadro mais amplo, qual é<br />

na realidade esse quadro mais amplo Receio me precipitar em terreno<br />

que os anjos têm medo de pisar; mas todos os fatores que você delineia<br />

preenchem o que foi descrito na virada do século como histeria. O termo,<br />

lamentavelmente, passou a ser usado de forma tão ilimitada que nossos<br />

contemporâneos, em sua duvidosa sabedoria [...] não só o abandonaram,<br />

como perderam de vista os fenômenos que ele representava: altos níveis<br />

de sugestionabilidade, capacidade imaginativa, sensibilidade a dicas e<br />

expectativas, e o elemento de contágio [...]. Um grande número de clínicos<br />

praticantes parece reconhecer muito pouco de tudo isso.<br />

Frankel observa que, em paralelo exato com o ato de fazer as<br />

pessoas regredir para que supostamente recuperem lembranças esquecidas<br />

de “vidas passadas”, os terapeutas podem com igual facilidade fazê-las<br />

progredir sob hipnose, para que venham a se “lembrar” de seus futuros. Isso<br />

provoca a mesma intensidade emotiva da regressão ou da hipnose que Mack<br />

emprega com os seqüestrados por extraterrestres. “Essas pessoas não têm a<br />

intenção de enganar o terapeuta. Elas enganam a si próprias”, diz Frankel.<br />

“Não conseguem distinguir as suas fantasias das suas experiências.”<br />

Se não conseguimos lidar com a vida, se estamos sobrecarregados<br />

de culpa por não ter desenvolvido nossas potencialidades, não acolheríamos<br />

de bom grado a opinião profissional de um terapeuta, com diploma na<br />

parede, de que a falha não é nossa, de que nada temos a ver com o problema,<br />

de que satanistas, estupradores ou alienígenas são os responsáveis Não<br />

estaríamos dispostos a pagar um bom dinheiro por essa confiança renovada<br />

E não resistiríamos a céticos sabichões que nos dizem que é tudo invenção de<br />

nossas cabeças, ou que as histórias foram implantadas pelos próprios<br />

terapeutas que nos tornaram mais felizes a respeito de nós mesmos<br />

Qual foi o aprendizado de método científico e investigação cética, de<br />

estatística, ou até de falibilidade humana, que esses terapeutas receberam A<br />

psicanálise não é uma profissão muito autocrítica, mas pelo menos muitos de

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