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pelos padres, nem pelos chefões das grandes cidades, nem pelos ditadores,<br />

nem por um conluio militar, nem por uma conspiração de facto dos ricos, mas<br />

pelas pessoas comuns, trabalhando juntas. Jefferson não era apenas um<br />

teórico influente dessa causa; também estava envolvido na prática, ajudando<br />

a criar a grande experiência política norte-americana, que desde então tem<br />

sido admirada e imitada em todo o mundo.<br />

Jefferson morreu em Monticello em 4 de julho de 1826, exatamente<br />

cinqüenta anos depois que as colônias publicaram aquele documento<br />

perturbador, escrito por ele, chamado a Declaração da Independência. O ato<br />

foi atacado por conservadores em todo o mundo: a monarquia, a aristocracia<br />

e a religião sustentada pelo Estado – era isso o que os conservadores<br />

defendiam então. Numa carta redigida alguns dias antes de sua morte, ele<br />

anotou que a “luz da ciência” é que tinha demonstrado que “a maioria da<br />

humanidade não nascera com selas nas costas”, nem uns poucos<br />

privilegiados “de botas e esporas”. Na Declaração da Independência,<br />

escrevera que nós todos devemos ter as mesmas oportunidades, os mesmos<br />

direitos “inalienáveis”. E, se a definição de “todos” estava vergonhosamente<br />

incompleta em 1776, o espírito da declaração era bastante liberal para que<br />

hoje esse “todos” seja muito mais inclusivo.<br />

Jefferson era um estudioso da história – não apenas a história<br />

submissa e segura que elogia o nosso tempo, país e grupo étnico, mas a<br />

história real de seres humanos reais, de nossas fraquezas e nossas forças. A<br />

história lhe ensinou que os ricos e poderosos vão roubar e oprimir, se lhes for<br />

dada metade de uma chance. Ele descreveu os governos da Europa, que<br />

conheceu em primeira mão como embaixador norte-americano na França.<br />

Com o pretexto de governar, dizia, eles tinham dividido as suas nações em<br />

duas classes: os lobos e os cordeiros. Jefferson ensinou que todo governo<br />

degenera, quando fica entregue apenas aos governantes, porque estes – pelo<br />

próprio ato de governar – abusam da confiança pública. O próprio povo,<br />

dizia ele, é o único depositário prudente do poder.<br />

Mas ele se preocupava com o fato de que o povo – e a afirmação<br />

remonta a Tucídides e Aristóteles – é facilmente enganado. Por isso, defendia<br />

salvaguardas, políticas de segurança. Uma delas era a separação<br />

constitucional dos poderes; assim, vários grupos, alguns buscando satisfazer<br />

seus próprios interesses egoístas, se equilibram reciprocamente, impedindo<br />

que um deles saqueie o país: o Executivo, o Legislativo e o Judiciário; a<br />

Câmara e o Senado; os estados e o governo federal. Ele também enfatizava,<br />

apaixonada e repetidamente, que era essencial que o povo compreendesse os<br />

riscos e as vantagens do governo, que se educasse e se envolvesse no<br />

processo político. Sem isso, dizia ele, os lobos vão tomar conta. Eis como ele<br />

expôs essas idéias em Notes on Virginia, enfatizando como os poderosos e os

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