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Teller está com a razão, foi inescrupuloso de sua parte não ter revelado a<br />

suposta descoberta às partes atingidas – aos cidadãos e aos líderes de sua<br />

nação e do mundo. Como no filme de Stanley Kubrick, Doutor Fantástico,<br />

ocultar a arma máxima – para que ninguém saiba da sua existência e da sua<br />

potência – é o máximo do absurdo.<br />

Parece-me impossível que um ser humano normal não fique<br />

perturbado ao ajudar a construir essa invenção, mesmo sem considerar o<br />

inverno nuclear. As tensões, conscientes ou inconscientes, daqueles que são<br />

responsáveis pelo dispositivo devem ser consideráveis. Quaisquer que<br />

tenham sido as suas contribuições reais, Edward Teller é geralmente<br />

considerado o “pai” da bomba de hidrogênio. Num artigo elogioso de 1954, a<br />

revista Life descreveu sua “determinação quase fanática” de construí-la. Acho<br />

que grande parte de sua carreira subseqüente pode ser compreendida como<br />

uma tentativa de justificar o que concebeu. Teller tem afirmado, não sem<br />

alguma plausibilidade, que as bombas de hidrogênio mantêm a paz, ou pelo<br />

menos impedem a guerra termonuclear, porque as conseqüências de um<br />

conflito entre potências nucleares são agora demasiado perigosas. Ainda não<br />

tivemos uma guerra nuclear, não é mesmo Mas todos esses argumentos<br />

supõem que as nações detentoras de armas nucleares são e sempre serão, sem<br />

exceção, atores racionais, e que seus líderes (ou os oficiais militares e da<br />

polícia secreta delas encarregados) jamais terão acessos de raiva, vingança ou<br />

loucura. No século de Hitler e Stalin, isso parece ingenuidade.<br />

Teller tem exercido grande influência para impedir um tratado<br />

abrangente que proíba os testes de armas nucleares. Criou muitas<br />

dificuldades para a assinatura do Tratado Limitado de Interdição dos Testes<br />

(acima do solo) em 1963. Seu argumento de que os testes acima do solo são<br />

essenciais para manter e “aperfeiçoar” os arsenais nucleares, de que ratificar<br />

o tratado significaria “comprometer a futura segurança de nosso país”,<br />

provou ser enganador. Ele também tem sido um defensor vigoroso da<br />

segurança e lucratividade das usinas nucleares de fissão, alegando ter sido a<br />

única vítima do acidente nuclear de Three Mile Island, na Pensilvânia, em<br />

1979: teve um ataque do coração, diz ele, debatendo a questão.<br />

Teller defendeu a explosão de armas nucleares, do Alasca à África<br />

do Sul, para dragar portos e canais, para eliminar montanhas incômodas,<br />

para realizar movimentação pesada de terra. Quando propôs esse plano à<br />

rainha Frederica da Grécia, dizem que ela teria respondido: “Obrigada,<br />

doutor Teller, mas a Grécia já tem muitas ruínas exóticas”. Querem testar a<br />

relatividade geral de Einstein Então detonem uma arma nuclear no lado<br />

mais afastado do Sol, propôs Teller. Querem compreender a composição<br />

química da Lua Então enviem uma bomba de hidrogênio à Lua, detonem<br />

essa arma e examinem o espectro do clarão e da bola de fogo.

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