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eligião honesta, mais familiarizada do que seus críticos com as distorções<br />

e os absurdos perpetrados em seu nome, tem um interesse ativo em<br />

estimular um ceticismo saudável para seus próprios fins [...]. Existe a<br />

possibilidade de a religião e a ciência forjarem uma parceria potente<br />

contra a pseudociência. Estranhamente, acho que ela também logo se<br />

envolveria na oposição à pseudo-religião.<br />

A pseudociência difere da ciência errônea. A ciência prospera com<br />

seus erros, eliminando-os um a um. Conclusões falsas são tiradas todo o<br />

tempo, mas elas constituem tentativas. As hipóteses são formuladas de modo<br />

a poderem ser refutadas. Uma seqüência de hipóteses alternativas é<br />

confrontada com os experimentos e a observação. A ciência tateia e cambaleia<br />

em busca de melhor compreensão. Alguns sentimentos de propriedade<br />

individual são certamente ofendidos quando uma hipótese científica não é<br />

aprovada, mas essas refutações são reconhecidas como centrais para o<br />

empreendimento científico.<br />

A pseudociência é exatamente o oposto. As hipóteses são<br />

formuladas de modo a se tornar invulneráveis a qualquer experimento que<br />

ofereça uma perspectiva de refutação, para que em princípio não possam ser<br />

invalidadas. Os profissionais são defensivos e cautelosos. Faz-se oposição ao<br />

escrutínio cético. Quando a hipótese pseudocientífica não consegue<br />

entusiasmar os cientistas, deduz-se que há conspirações para eliminá-la.<br />

A capacidade motora em pessoas saudáveis é quase perfeita.<br />

Raramente tropeçamos e caímos, exceto na infância e na velhice. Aprendemos<br />

movimentos como andar de bicicleta e de skate, saltar, pular corda ou dirigir<br />

um carro, e conservamos essa capacidade pelo resto de nossas vidas. Mesmo<br />

que passássemos uma década sem praticá-la, ela nos voltaria sem esforço.<br />

Porém, a precisão e a manutenção de nossas habilidades motoras podem nos<br />

dar um falso sentimento de confiança em nossos outros talentos. As nossas<br />

percepções são falíveis. Às vezes vemos o que não existe. Somos vítimas de<br />

ilusões óticas. De vez em quando sofremos alucinações. Somos inclinados ao<br />

erro. How we know what isn't so: the fallibility of human reason in everyday life,<br />

um livro muito esclarecedor escrito por Thomas Gilovich, mostra que as<br />

pessoas erram sistematicamente na compreensão dos números, ao rejeitar<br />

uma evidência desagradável, ao ser influenciadas pelas opiniões dos outros.<br />

Somos bons em algumas coisas, mas não em tudo. A sabedoria está em<br />

compreender as nossas limitações. “Pois o homem é um ser leviano”, ensina<br />

William Shakespeare. É nesse ponto que entra o rigor cético e austero da<br />

ciência.<br />

Talvez a distinção mais clara entre a ciência e a pseudociência seja o<br />

fato de que a primeira sabe avaliar com mais perspicácia as imperfeições e a<br />

falibilidade humanas do que a segunda (ou a revelação “infalível”). Se nos

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