35letramento: “Um argumento que justifica o uso do termo letramento em vez dotradicional “alfabetização” está no fato de que, em certas classes sociais, as criançassão letra<strong>da</strong>s, no sentido de possuírem estratégias orais letra<strong>da</strong>s, antes mesmo deserem alfabetiza<strong>da</strong>s” (1995, p. 18). E diz ain<strong>da</strong>: “Podemos definir hoje o letramentocomo um conjunto de práticas sociais que usam a escrita, enquanto sist<strong>ema</strong>simbólico e enquanto tecnologia, em contextos específicos, para objetivosespecíficos” (KLEIMAN, 1995, p.19).Hoje em dia as crianças são muito curiosas e facilmente se envolvem comdiversos livros, jornais, revistas, panfletos de propagan<strong>da</strong>, no teclado de umcomputador brincam de ler e escrever, participam de jogos em que a leitura e escritasão necessários. Em to<strong>da</strong>s essas atitudes, elas estão envolvi<strong>da</strong>s com a cultura domundo letrado e práticas sociais <strong>da</strong> leitura e escrita.Uma <strong>da</strong>s práticas sociais mais difundi<strong>da</strong>s nos tempos atuais são ascomuni<strong>da</strong>des virtuais via internet, pelo computador, essa ferramenta tão usa<strong>da</strong> pelascrianças para comunicação e troca de conhecimento. Numa entrevista <strong>da</strong><strong>da</strong> pelaeducadora argentina Ana Teberoski na Revista Nova Escola em novembro de 2005,a mesma destaca que o ‘micro’ permite aprendizados interessantes. No tecladoestão to<strong>da</strong>s as letras e símbolos que a língua oferece, e a criança tem noção de queas letras são poucas e finitas. Nas teclas elas estão maiúsculas e, no monitor,minúsculas, o que obriga a realização de uma correspondência.Os recursos tecnológicos não substituem o manuscrito durante o processode alfabetização, mas com certeza o complementam. Aqueles que acessam ainternet leem instruções ou notícias, escrevem e-mails e usam mecanismos debusca. Ain<strong>da</strong> não sabemos quais serão as consequências cognitivas do uso docomputador, mas com certeza ele exige muito <strong>da</strong> escrita e <strong>da</strong> leitura. Tambémacredita que nas socie<strong>da</strong>des em que se valoriza a interação entre as pessoas e acultura escrita, o processo de alfabetização é mais eficiente.Fagundes (2010), numa entrevista <strong>da</strong><strong>da</strong> ao repórter Marcelo Alencar, <strong>da</strong>revista Nova Escola, em agosto de 2005, dá como sugestão para os baixos índicesde alfabetização e de letramento “levar os alunos a sentir o poder de se comunicarrapi<strong>da</strong>mente em grandes distâncias, ter idéias, expressá-las como autores e publicarestes escritos no mundo virtual”. Coloca que a escola não precisa se preparar para ainclusão digital, que precisa somente incorporar em suas práticas ideias de que se
36educa aprendendo e que quando se usa os recursos tecnológicos experimentando,praticando a comunicação cooperativa, e conectando-se está se praticando estainclusão. Para isso, é necessário conseguir computadores e conectar os alunos àinternet.O professor deve acreditar que se aprende fazendo e sair do comodismo <strong>da</strong>espera de cursos por iniciativa <strong>da</strong> administração. Portanto, cabe aos professoresmu<strong>da</strong>nças no ensino, proporcionando a maior diversi<strong>da</strong>de possível de materiais queexplorem a leitura e escrita.A criança aprende por meio <strong>da</strong> interação sociocultural que mantém com oobjeto de conhecimento e <strong>da</strong> relação com outras pessoas, relações estasestabeleci<strong>da</strong>s nos mais diversos contextos em que o saber tem significado efuncionali<strong>da</strong>de social. A alfabetização e letramento são o resultado <strong>da</strong> própria açãodo aluno de suas capaci<strong>da</strong>des cognitivas, de suas competências e interação com ocontexto que vive.