12.07.2015 Views

Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

SHOW MORE
SHOW LESS
  • No tags were found...

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 2010111espaço, os limites não determinam onde termina a casa e começa a rua, e moldamas formas de viver em comunidade e que tem suas fronteiras desenhadasno imaginário de seus moradores. É a socialidade no cotidiano presente nasruas da Candelária que definem os traçados de uma mapa imaginário. Nasandanças por suas ruas e becos são construídas as especificidades que a diferenciamdas outras localidades da favela. É a “arte de moldar percursos”, “maneirasde fazer” que marcam o traçado simbólico do lugar de pertencimento(CERTEAU, ). É procurar entender o seu espaço como lugar do encontro eda comunicação, lugar da cena pública onde se desenrolam a diversidade, osconflitos, as práticas e os imaginários sociais compartilhados, as possibilidadesde diálogos. A rua é estabelecida a partir de uma interação comunicativa, desocialidade, de união, de confraternização, de solidariedade, de festa. É umacomunicação que busca arrancar uma expressividade do espaço estabelecendoa possibilidade e a exigência do diálogo e dos relacionamentos, para compreenderos processos de ocupação, apropriação e significação dos espaços, conferemuma cartografia particular ao seu traçado urbano.É na dinâmica da socialidade que as ruas da favela adquirem um significadopleno de sentidos e elementos simbólicos construídos por seus moradores apartir da articulação de seus repertórios culturais à percepção do ambiente quefundamenta possíveis fluxos modeladores de seu traçado urbano, inspiradospela comunicação e pelo imaginário do lugar. Tais práticas sociais, aparentementecotidianos e banais, criam à consistência do lugar, ou sua “lugaridade”, eformam uma cartografia simbólica (MAIA; KRAPP, ) com características própriasde experiências, ideias, crenças e opiniões. Nas ruas da Candelária esseselementos criam formas de estetizar o espaço da favela em ambientes – visuaise sonoros – “não-contíguos na paisagem urbana, sendo reconhecidos em suatotalidade apenas [...]” pelos seus moradores (MAGNANI, , p. ), e que podemestar contribuindo para ampliar e ancorar identidades; memórias e imaginárioscontidos nos referenciais e narrativas dos moradores que expressam no seutraçado urbano os laços emocionais da constituição, da pertença, da união, dacrise e da ressignificação da favela.Esse próprio ato de caminhar pode ser motivo de estranhamento e admiração,afinal é a partir da observação que construímos as paisagens urbanasno seu ato de “habitar” a cidade, das formas de apropriação deste espaço porquem circula e frequenta as ruas, as calçadas, as esquinas, as praças, enfim,os lugares públicos da metrópole. Segundo Michel de Certeau (), toda cidadeé escrita pelos trajetos dos seus habitantes, cujas formas de vida deixam suasmarcas nas ruas do centro urbano e assim conformam ou formatam este espaçoa partir de suas “práticas cotidianas” ou dos “usos do espaço público” quetais práticas engedram.É uma abordagem que conduz a um encontro de especial subjetividadecom a favela: olhá-la como espaço vivido, interiorizada e projetada por gruposde pessoas que a habitam e com suas relações de uso que não só a percorremCartografia do acaso: percursos à deriva no imaginário da Candelária,favela da Mangueira, RJ

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!