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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 2010conseqüentemente, menos protegido, porém mais ativo, pois detéma ação de olhar, o desejo de acompanhar a romanesca vida da cidade.(JORGE, 1995. p. 40).57Estar em uma janela significa a possibilidade de espiar e presenciar a dinâmicada vida de uma cidade em uma vista panorâmica que amplia o sentidodo espaço urbano. Este ato no quadro da janela aparece como lugar da produçãodo imaginário – a cidade é um texto a ser lido, nas várias formas do olhare da criação de múltiplas cidades que vão aparecendo a cada vislumbramentode novas paisagens. O movimento do olhar promove a variação do ângulo devisão em relação ao objeto observado e a descoberta de paisagens que estavamocultas ou desfocadas até então. O ser que habita a janela exerce o papel dealguém que vigia o outro, a rua, um apartamento, uma casa, realizando descobertase alimentando o seu espírito e criando o sentido de se viver em umagrande cidade. Ele exerce a liberdade de olhar, imaginar e se sentir envolto emum quadro de proteção que o lança para o mundo e o devolve para sua intimidadea partir do esgotamento do olhar e do corpo. A abertura da janela na obraarquitetônica possibilita o exercício de um olhar solitário, perdido em formasanimadas e estáticas que enriquecem a vivência humana.A janela é o cenário para o surgimento de pensamentos, desejos e açõesde personagens que criarão uma cena de vida (um drama) na própria janelaou em outros espaços relacionados aos novos interesses de interação social. Narealidade, a janela é um “lugar natural” (uma locação) que faz parte da estruturada arquitetura de um edifício, porém o seu uso físico e a produção doimaginário nela criado a torna um “lugar artificial” (uma cenografia), pois elavai sendo remodelada a cada cena vivida. O quadro da janela já não é um lugarestático, objetos surgem, figurinos são trocados, ou seja, novas “performances”dão vida e sentido a um lugar que é redesenhado e recriado a cada entrada deum personagem em cena.A solidão é marca da existência humana, um estado a ser vivido, compreendidoe aperfeiçoado pelo homem em seu processo de vida, ela tem umafunção nobre para os sábios e filósofos que desejam se dedicar à humanidade eofertar pensamentos que possam dar sentido e confortar a vida do homem. Ofilósofo francês André Comte-Sponville, em sua obra O Amor a Solidão (2001),comenta sobre o conceito de solidão:Quanto à solidão, é evidentemente o quinhão de todos nós: o sábio sóestá mais próximo da dele porque está mais próximo da verdade. Masa solidão não é o isolamento: alguns a vivem como ermitões, claro,numa gruta ou num deserto, mas outros num mosteiro, e outros ainda– os mais numerosos – na família ou na multidão. Ser isolado é nãoter contatos, relações, amigos, amores – o que, evidentemente, é umadesgraça. Ser só é ser si mesmo, sem recurso, e é a verdade da existênciahumana. (COMTE-SPONVILLE, 2001, p. 29).O que vemos, então, é a qualidade do estado de espírito e a opção dequem vive ou precisa viver um determinado estilo de vida. A solidão pode serDa janela olho e me envolvo com o mundo

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