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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 201065a pregar às suas congregações que a homossexualidade é um pecado mortal,que Deus criou homem e mulher para a relação heterossexual e que qualquercoisa diferente disso é uma abominação.O projeto de lei, em que pese realmente se propor a limitar abusos, nãotem como meta primária a censura aos religiosos – muito menos “queimar aBíblia”, como pastores mais exaltados denunciam em entrevistas e reportagens.As principais funções dessa lei seriam impedir empregadores de demitirfuncionários(as) por discriminação de gênero e sexualidade, impor penas maisseveras a quem agride (física ou mesmo verbalmente) homossexuais, além depunir estabelecimentos que tentassem expulsar ou censurar o comportamentoafetivo de casais do mesmo sexo. Uma das questões centrais na argumentaçãoda lei é, justamente, a mesma que provocou os eventos de Stonewall, há quase40 anos: a falta de segurança para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuaise transgêneros em ambientes públicos. O conceito de “segurança”, aqui, nãose traduz apenas na problemática dos assaltos, assassinatos e seqüestros, masem um tipo de violência cotidiana que ainda aflige essa população.São os olhares, as atitudes veladas, os comentários, a violência física everbal, as tomadas de decisão que atrapalham, minam e enfraquecem as condiçõesde vida mais primárias. Quantas pessoas LGBT têm, no Brasil, a possibilidadede expressar, em público, sua afetividade com a mesma “naturalidade” 2e desvelo que os casais heterossexuais? Várias são as pesquisas que tratam dotema da sociabilidade homossexual, em especial no Carnaval, nas Paradas eem determinados ambientes, públicos ou privados, em que a grande concentraçãode pessoas homossexuais age como um estímulo de segurança e confortopara que aconteçam manifestações de afeto sem medo de represálias nemagressões.É importante salientar, porém, que mesmo nesses ambientes e nos pontosespecíficos no tempo em que a manifestação pública da homossociabilidadeé possível – como no Carnaval e nas Paradas – ainda são registrados casos deagressão verbal e física. O que nos leva a questionar a aparente fragilidade desseslocais e momentos, no que tange às questões de segurança. Um exemplorecente é a quantidade enorme de obstáculos que as entidades responsáveis pelaorganização das Paradas têm encontrado, no tocante à liberação de alvarás paraa realização desses eventos. Detalhes técnicos e burocracias que não afetam aconsecução de outros eventos são constantemente levantados por agentes deprefeituras, defesa civil, polícia militar, corpos de bombeiros e outros órgãos,principalmente aqueles voltados para a segurança pública.O Brasil é, atualmente, o país com a maior quantidade de paradas, caminhadase marchas LGBT – são 150 oficialmente registradas pela AssociaçãoBrasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) 3 ,além de mais 33 eventos correlatos (congressos, exposições, festivais etc.) – mas,simultaneamente, é um dos países ocidentais em que os direitos fundamentaisO Pegação, Cidadania e Violência: as Territorialidades do Imaginário da População LGBT do Rio de Janeiro

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