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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 2010inimaginável, bem como as mudanças nessa relação” (1996, p. 7):“Ideologia” pode designar qualquer coisa, desde uma atitude contemplativaque desconhece sua dependência em relação à realidade social, até umconjunto de crenças voltado para a ação; desde o meio essencial em que osindivíduos vivenciam suas relações com uma estrutura social até as idéiasfalsas que legitimam um poder político dominante. (ZIZEK, 1996, p. 9)Para Zizek, a ideologia “reside na externalização do resultado de uma necessidadeinterna” (Ibid., p. 10). E a tarefa da crítica da ideologia é “justamentediscernir a necessidade oculta, naquilo que manifesta como mera contingência”(Idem):Na tradição do Esclarecimento, a “ideologia” representa a ideia desfocada(“falsa”) da realidade, provocada por vários interesses “patológicos”(medo da morte e das forças naturais, interesses de poder etc.);para a análise do discurso, a própria ideia de um acesso à realidade quenão seja distorcido por nenhum dispositivo discursivo ou conjunçãocom o poder é ideológica. O “nível zero” da ideologia consiste em (des)apreender uma formação discursiva como um fato extradiscursivo.30Já na década de 1950, em Mitologias, Roland Barthes propôs a noçãode ideologia como a “naturalização” da ordem simbólica – isto é, comoa percepção que reifica os resultados dos processos discursivos empropriedades da “coisa em si”. (Ibid., p. 16)De acordo com Zizek, a problemática da ideologia traz de volta “àcentralidade do antagonismo social (a ‘luta de classes’)” (Ibid., p. 33). Seuargumento é o de que se lida aqui com uma topologia paradoxal (Ibid., p.35). Nela, a superfície (a “mera ideologia”) vincula-se diretamente com aquiloque é “mais profundo que a própria profundeza”, o que é mais real do que aprópria realidade (Idem).O c o n t e x t oDe acordo com a historiadora Bianca Freire-Medeiros, no início do séculoXX, a América Latina era vista pelo público estadunidense “como atada auma condição de irreversível atraso” (2005, p. 7):Espanhóis e portugueses eram, aos olhos dos puritanos do Norte,irrecuperavelmente falsos, mesquinhos, cruéis e destinados a perpetuara lógica pouco produtiva da era colonial, bem como a estagnar nalanguidez dos trópicos.Em meados da década de 1920, Sylvio Gurgel do Amaral, embaixadordo Brasil em Washington, queixava-se da falta de interesse da imprensaamericana por assuntos brasileiros: quando ao maior país da Américado Sul era reservada atenção, tratava-se invariavelmente de alguma notíciasensacionalista e pouco elogiosa. Segundo o embaixador, o Brasilera apresentado como “um vasto hospital” habitado por perigosospeixes, cobras e insetos. (Idem).O comportamento abertamente preconceituoso dos Estados Unidos emrelação à América Latina começa a mudar por causa da Grande DepressãoO Rio de Janeiro do imaginário de Hollywood como instrumento de propaganda ideológica

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