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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 2010carro. Isso acontece: nós vamos de carro até um motel que está lotado.Enquanto esperamos na fila, transamos dentro do carro. Os vidros sãoescuros, ninguém vê. Aí, acabamos damos a volta e saímos da fila. Evamos fazer um lanche.Em mais de um caso, o sujeito fez uma separação clara entre afeto esexo casual:Minha mãe sabe de mim, mas eu a respeito 10 . Se é um lance demomento, ou se estou só ficando, eu levo pro motel. Só se a coisafica séria, vira namoro mesmo, depois de um mês ou mais, aí eu levopra casa, apresento à minha mãe. Mas, beijo, sexo, só no meu quarto,depois que ela vai dormir.” (“M”, 28)72A partir dos depoimentos, oficinas e entrevistas, evidenciou-se um quadrode experiências que mostram uma profunda necessidade insatisfeita deespaço para manifestar afeto entre pessoas do mesmo sexo, paradoxalmente limitadapor um sentimento de insegurança e por uma “homofobia internalizada”por parte dos próprios sujeitos. Além do medo de expressar sua sexualidadeem público, as pessoas guardam ranços de criação e da cultura dominante, quedeterminam que qualquer manifestação aberta de afeto e intimidade é “desrespeitosae inadequada”.No caso da homossexualidade, que por si só é considerada “obscena”e “pecaminosa”, as duas situações de inadequação se adicionam e se completam,gerando uma repressão que parte da própria população reprimida.Os espaços de convivência e livre manifestação são, principalmente, boates,bares e motéis, além do próprio lar em casos específicos. A ideia de andarde mãos dadas na rua ou de beijar em público ainda incomoda muitos dospróprios sujeitos que sofrem a repressão da sociedade e acabam projetandoessa mesma repressão em suas vidas.Resta, então, às pessoas LGBT, a sociabilidade dionisíaca que age comoagente gregário. Maffesoli, falando das forças de coesão social que garantema sobrevivência da cidade, diz que ela “contém em si outras entidades do mesmogênero: bairros, grupos étnicos, corporações, tribos diversas que vão seorganizar em torno de territórios (reais ou simbólicos) e de mitos comuns”(MAFFESOLI, 1998, p. 171-172).É nos encontros em recantos escuros e ambientes marginalizados queessa população – mesmo reproduzindo a mesma ordem heteronormativaque a discrimina – tem espaço para se expressar e se relacionar, sem medode ser feliz.Para Giddens, a história da sociedade moderna é uma história emocional,de buscas sexuais dos homens, mantidas separadas de suas identidades públicascomo “homens de família”. Uma história que independe de orientaçãosexual: por causa da distância entre a prática sexual homossexual e a reproduçãoda espécie, torna-se claro para ele que os homossexuais foram mais bemsucedidos nessa busca, por ela estar dissociada, desde o princípio, da separaçãoO Pegação, Cidadania e Violência: as Territorialidades do Imaginário da População LGBT do Rio de Janeiro

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