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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 2010<strong>14</strong>a potência de marginalidade da contracultura madrilenha dos anos 70, filhada contracultura de outros tempos, alimentando um processo de reinvençãoconstante da sociedade. A tela molecular que separa espectador de imagem nocinema é infiltrada pela liquefação dos papéis sociais na contemporaneidade.Almodóvar representa, com especial atenção, a questão da marginalidade egera consequências sociopolíticas.Quando os irmãos Lumière inventaram o cinema, vivia-se um períodode fim de século, marcado pelo surgimento vertiginoso de inovações tecnológicase da intensificação da industrialização. Era necessário expandir os mercadosconsumidores. As novas soluções científicas e tecnológicas demandavam novoscomportamentos e atitudes. A circulação das mercadorias se apropriou rapidamentedestes novos dispositivos. Em O cinema e a invenção da vida moderna,vários autores discorrem sobre o desenvolvimento das estratégias de comunicaçãona modernidade, partindo das necessidades comerciais como precursorasda propaganda, importante influência para o cinema desde o seu surgimentono final do século XIX. Ismail Xavier comenta a respeito do livro: “O lemaaqui é ‘historic izar’.” (XAVIER in CHARNEY; SCHWARTZ, 2004, p. 11).Siegfried Kracauer observou que a cultura de massa, típica da modernidade,proporcionou ao público espectador uma forma de compreender suascondições de vida e, desta forma, assumir a possibilidade de autorreflexão (nomínimo) ou, mais ainda, de consciência emancipatória. Mas isso entre as décadasde 20 e 30, assim como Walter Benjamin (XAVIER in CHARNEY;SCHWARTZ, 2004, p. 20). Como poderíamos ratificar que Almodóvar estimulaessa capacidade de autorreflexão e emancipação pela representação damarginalidade em seus filmes no início dos anos 80, na Espanha da transição?Ou, de outra maneira, poderíamos pensar que sua integração paulatina aocircuito internacional de filmes cult ou independentes representa a perda dopotencial crítico de sua produção cinematográfica? A chave do problema entãoé historicizar e relativizar a abordagem das representações da marginalidadenos filmes de Almodóvar. Sobre a oposição cultura erudita versus cultura demassa, Ricardo Freitas explica:[...] não se pode mais idealizar uma separação radical entre “cultura deelite” e “cultura de massa” como bem notam diversos pensadores contemporâneos,dos quais destacamos o pensamento de Fredric Jamesonquando estuda as relações entre o cinema e a pós-modernidade. Parao sociólogo americano, um importante crítico marxista de culturados EUA, é preciso repensar a oposição “cultura de elite/cultura demassa”, já que toda produção social pode ser entendida como cultura,sobretudo quando esse processo acontece essencialmente por meiode conjuntos de redes de imagens. Tal abordagem pede que vejamos“culturas de massa” e “de elite” como um fenômeno dialético, sobretudose pensarmos a pós-modernidade como a mais completa traduçãodo capitalismo já vista, dada a ilusão de se viver qualquer situação viaconsumo. Nesse contexto, Jameson defende que quase todos os valoresurbanos são mediados pela cultura de massa, inclusive as representaçõespolíticas e ideológicas. Assim, as obras de cultura de massaLimites traçados: marginalidade na Madri de Almodóvar

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