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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 201091os mapas determinam fronteiras geográficas, que não deixam de ser ao mesmotempo físicas e mentais.Como forma de representação, o mapa é um suporte expressivo quejunta lugares completamente distintos em uma superfície plana, legível etotalizante. Trata-se de um conjunto de símbolos convencionados, históricae culturalmente, que remetem a uma visão abstrata, inatingível pela experiência.É, além disso, a concretização do esforço de cristalizar possibilidadese delimitar olhares.Em sua forma final, aquela que é visível, o mapa contemporâneo nãonos deixa ver os andaimes que possibilitaram sua construção. O produto dacartografia moderna é um tipo de representação que atravessa os lugares e saiilesa, sem marcas aparentes dos lugares onde passaram 5 . De fato, os lugares sãoa própria possibilidade dessas representações, mas os mapas – com suas regrasde escrita – têm como característica esse olhar distanciado, que apaga detalhes,itinerários e práticas de espaço. Eles são a consubstanciação da ficção de umolhar-total, essa ficção que é, decerto, a ação de imaginar por uma perspectivaúnica e que se quer verdadeira.Mas se a questão aqui é propriamente a produção de um imagináriosocial do medo, que mapas estão presentes nessas representações? O que propomos,aqui, é uma análise dos mapas como escritas produtoras de significado noimaginário urbano, por isso, os mapas serão tomados por sua potencialidade deorganização de um imaginário do medo, como forma expressiva, e, também,como vocabulário que é utilizado para dar sentido às inúmeras violências – quena imprensa estão relacionadas, majoritariamente, à ideia de criminalidade –que são praticadas nas metrópoles contemporâneas.Partimos da ideia de que essas representações influenciam as práticascotidianas das pessoas, que, por exemplo, praticam seus itinerários de acordocom um mapa simbólico construído, incessantemente, por narrações que dãosentido aos elementos que compõem a cidade.Cada cidade tem seu próprio estilo. Se aceitamos que a relação entrecoisa física, a cidade, sua vida social, seu uso e representação, suasescrituras, formam um conjunto de trocas constantes, então vamosconcluir que em uma cidade o físico produz efeitos no simbólico: suasescrituras e representações. E que as representações que se façam daurbe, do mesmo modo, afetam e conduzem seu uso social e modificama concepção do espaço. (SILVA, 2001, p. XXIV).Podemos visualizar melhor o que estamos falando ao propormos, porexemplo, a ideia de um mapa da violência, que, consequentemente, é tambémum mapa do medo. Com o crescimento do número de crimes violentos noBrasil, principalmente a partir da década de 1980, uma série de novas estratégiasque simulam proteção e segurança foram colocadas em prática. A construçãode muros, como aponta a antropóloga Teresa Caldeira (2003), foi a maisemblemática dessas reformulações do espaço urbano.A busca por segurança: imaginário do medo e geografia urbana

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