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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 201052O corpo tenso e deprimido de Regina enquadrado na janela de um edifíciode uma grande cidade é um corpo-objeto, um organismo passivo, à esperade um outro olhar, de um outro corpo desejante, o seu corpo no apartamentoé mais um objeto de uma cena marcada pela solidão e pela tristeza. Por outrolado, o corpo de Regina no espaço da cidade é ativo, ágil no movimento e maliciosono pensamento. A passagem do universo privado (o apartamento) parao público (a cidade) é feita sob um olhar inquisidor da realidade urbana, ela saià busca de um sentido de justiça no trato social, reflexo de seus desencontrosafetivos e familiares.O “mapa” do cotidiano de Regina se restringe às ruas e à praia deCopacabana, áreas próximas ao seu apartamento – uma “caverna-símbolo” daexaltação do olhar e do corpo oprimido. A prática do “lugar” de Regina estáassociada a uma vivência da cultura do perigo e da desconfiança pelo outro,ela se expõe a cada momento de sua jornada. O “percurso” criado por ela seestrutura a partir de um combate de corpos, mentes e afetos subordinados àsameaças de um imaginário urbano em guerra. Vemos, então, um “espaço”retraído que segrega os seus habitantes em apartamentos confinados a espaçospúblicos cercados e rotulados por um tipo de necessidade social – a praça dosvelhos e o submundo das casas noturnas onde mora o “perigo”. Copacabanade O outro lado da rua é o lugar de corpos em constante processo de exaltaçãoe sujeitos a uma demanda social oriunda de um espaço de tensão como a favelalocalizada no bairro.A busca da legibilidade da imagem que Regina toma como meta paracomprovar o que os seus olhos viram - a suposta cena na qual Camargo dá fim àvida de sua mulher é o fio condutor do filme. A cena faz alusão à arte do cinema,ao enquadramento que se dá a partir dos quadros das janelas de Copacabana.O olhar de Regina potencializado pelo binóculo (o olho-câmera) imprime nanarrativa uma referência à arte e à técnica da imagem cinematográfica.A “performance” de Regina se constitui a partir da exploração de umquadro particular da paisagem urbana que a leva ao enfrentamento afetivocom o outro, a investigação da legibilidade da imagem captada por ela tomao registro visual como verdade. Ao longo do desenvolvimento da história, naaproximação com o objeto e o sujeito da cena, o registro visual cede lugar aoregistro de um corpo pulsante em afeto. O encontro entre Camargo e Reginatraduz a legibilidade da imagem em contrapartida com a legibilidade do corpoem processo de atração.A fisionomia dos espaços e dos personagens urbanos demarca um quadrode rostos e de expressões que se situa na superfície, na forma. A expediçãodo olhar de Regina nos mostra o seu processo de transposição das superfíciesem direção ao significado e ao conteúdo das formas-personagens da cidade. Oscorpos da cena, então, ultrapassam o sentido de meros objetos emoldurados ese tornam sujeitos da paisagem.Da janela olho e me envolvo com o mundo

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