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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 201050(1993) possibilita um aprendizado que se dá em O outro lado da rua através doolhar que aprisiona e, posteriormente, liberta. A prisão de Regina ao olhar aafasta da possibilidade de troca, a potência de seu olhar esvazia a entrega aooutro, ela declara: “Vejo coisas demais, é isso. Eu acho que eu ainda me vejode um jeito que ninguém mais me vê. Eu me vejo como eu sempre fui, entende?”.As janelas nas quais Regina se lança ao mundo são as barreiras e, aomesmo tempo, o canal de comunicação com a vida na cidade. O alvo do olharinquisidor de Regina, o sujeito de sua investigação, torna-se objeto de desejo.Camargo (Raul Cortez) é a figura que redimensiona seu olhar em direção auma nova forma de se relacionar com o mundo.O imaginário de Regina é materializado nos espaços por onde ela circula.O sentimento de isolamento aparece no momento após a tentativa de assaltoa uma senhora no banco, ela desabafa conversando com a sua própria secretáriaeletrônica, cena presenciada pela cachorra Betina, e se vê inteiramente sozinhano espaço da rua por onde transita a multidão solitária de uma grande cidade.O espaço psicológico (o vazio do espaço urbano) sob o seu ponto de vista simbolizaa solidão de uma mulher de terceira idade perdida em uma cidade queameaça os seus habitantes.O apartamento de Regina é banhado de luz e sombra sendo o cenário decenas nas quais ela aparece solitária, um ambiente que remete a uma caverna deonde alguém espia e se esconde do mundo. A cachorra Betina é a única possibilidadede interação afetiva, apesar das limitações de sua natureza animal, ela afaz se manter operante na vivência do espaço da cidade e do apartamento.O percurso ao longo de Copacabana vivenciado por Regina demarca oselementos que norteiam o seu imaginário: a praça onde os velhos se encontrampara jogar cartas; o caminho de sua casa para a praia que proporciona uma aberturados horizontes limitados de seu apartamento; a ida à delegacia para comunicara suspeita de um crime – a morte da mulher de Camargo, visto que ela exerceo serviço voluntário de “olheira” da polícia sob o pseudônimo de Branca de Neve–, aparecem como espaços que são a marca do imaginário de uma mulher movidapela solidão e pela tentativa de preencher o vazio existencial de sua vida.A linguagem do corpo da cidade está diretamente relacionada à linguagemdo corpo do homem. Richard Sennett, em sua obra Carne e Pedra (1997),na qual apresenta uma nova história urbana através da experiência corporal,estabelece o argumento de que:Em geral, a forma dos espaços urbanos deriva de vivências corporaisespecíficas a cada povo: este é o meu argumento em Carne e Pedra.Nosso entendimento a respeito do corpo que temos precisa mudar,a fim de que em cidades multiculturais as pessoas se importem umascom as outras. (SENNETT, 1997, p. 300).O corpo marca o tecido urbano com uma carga de sofrimento, umaenergia afetiva que engendra novas configurações, funções, reformulando aDa janela olho e me envolvo com o mundo

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