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Edição 14 | Ano 8 | No.1 | 2010.1 REVISTA - Contemporânea - UERJ

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Ed.<strong>14</strong> | Vol.8 | N1 | 2010167Já quando retratou os animais, empenhou-se “por apresentar a aparênciaessencial e a natureza de cada espécie, conseguindo traçá-las com um realismoimpressionante” (LEVEQUE, 1996, p.19). As representações em resumo, buscamentender e explicar o mundo cotidiano.Passados milhões de anos, os homens continuam usando seu imagináriopara encontrar soluções que seu cérebro, já bem mais especializado, não consegueperceber através do raciocínio lógico. O grafitismo parece ser mais umadessas práticas resignificadas através dos tempos. Como forma de arte que seutiliza da imagem como meio de expressão, “carrega a força empática da imagemque, regularmente, ressurge para atenuar os efeitos mortíferos da uniformizaçãoe da comutatividade que ela induz” (MAFFESOLI, 2006, p. 222).Embora sua origem histórica seja atribuída aos romanos, como visto anteriormente,originou-se muito provavelmente de uma expressão bem mais antigaque remonta a arte rupestre, sendo reformada através dos milênios. Comoela, o grafitismo continua sendo uma fonte de informação, comunicação eagregação para aqueles que o praticam.Os membros das tribos produtoras não por acaso são denominadas deModern Pimitives ou ModPrims. De identidade fluida, apresentam semelhançascomportamentais com os homens arcaicos, a exemplo do ato de imprimirtatuagens no corpo, marcar-se com escoriações, colocar objetos perfurantescomo piercings, alargadores, dentre outros. Em relação às cores das tintas utilizadasnas pinturas elas são, em muitos casos, conseguidas pelo adicionamentode pigmentos à uma base de tinta neutra, uma forma moderna para a antigamistura de pigmentos com secreções.Essa revivência de padrões comportamentais é possível levando-seem conta os eixos comportamentais que podem gerar ações que se modificamao longo do tempo, mas que conservam as suas estruturas principaisintactas através das eras:“O que nos incita a operar verdadeiro mergulho no inconscientecoletivo. Quero dizer com isso: levar a sério as fantasias comuns, asexperiências oníricas, as manifestações lúdicas pelas quais nossas sociedadesredizem o que as liga ao substrato arquetípico de toda humananatureza” (MAFFESOLI, 2006, p.7).Ao pintar as paredes de suas cavernas, os homens que habitavam aqueleespaço, marcavam com suas pinturas a presença de sua tribo. Modificavam oambiente e reuniam em torno de um eixo comum a comunidade concedendolheuma identidade e registrando sua cultura. As tribos urbanas o fazem atualmentecom seus grafites que foram usados a princípio como forma de demarcaçãode territórios e evoluiu para uma forma de expressão artística. O espaçoe o símbolo – traduzido pela imagem – são excelentes fatores de agregação. Éo que Michel Maffesoli chama de “regrediência”, ou seja, o retorno em espiralde valores arcaicos unidos ao desenvolvimento tecnológico”. Chama ainda aCavernas Pós-Modernas: Grafitismo e Desejo de Espiritualização nos Muros de João Pessoa

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