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Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

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ecursos arriscados <strong>para</strong> modificação corporal como a automedicaçãoe o uso <strong>de</strong> silicone industrial.De acordo com Lionço (2009), a exclusão da travestilida<strong>de</strong> dos direitosadquiridos por meio do processo tran<strong>sexual</strong>izador seria resultado dainexistência do <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação à lógica binária que se apresentanessa experiência. A referência no suposto <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> correção quecaracteriza transexuais marca <strong>uma</strong> diferença com os travestis atribuindoa estes um lugar <strong>de</strong> ambiguida<strong>de</strong> que retira a aplicabilida<strong>de</strong> dosprocedimentos médicos <strong>para</strong> a modificação dos caracteres sexuais.Sendo assim, ainda que seja reconhecida a experiência comum <strong>de</strong>investimento na construção <strong>de</strong> um corpo feminino, há <strong>uma</strong> distinção da<strong>de</strong>manda que remove o caráter <strong>de</strong> beneficência da re<strong>de</strong>signação <strong>sexual</strong>da travestilida<strong>de</strong> e, consequentemente, inviabiliza a equida<strong>de</strong> no acessoaos serviços e às tecnologias disponíveis no campo médico.Em relação aos homens transexuais, é possível observar que a exclusãono processo tran<strong>sexual</strong>izador segue outro caminho, <strong>uma</strong> vez que, assimcomo as mulheres transexuais, esse grupo teria seu acesso aos serviços <strong>de</strong>saú<strong>de</strong> garantido pelo diagnóstico <strong>de</strong> “tran<strong>sexual</strong>ismo verda<strong>de</strong>iro”. Nessescasos, a <strong>de</strong>manda por modificação corporal é reconhecida, porém o acessoaos procedimentos médicos disponíveis é restrito, visto que as cirurgias<strong>para</strong> re<strong>de</strong>signação da genitália feminina <strong>para</strong> masculina – construção <strong>de</strong>neofalo e metoidioplastia – permanecem <strong>de</strong>finidas como procedimentosexperimentais e não po<strong>de</strong>m ser financiadas pelo SUS. Contudo, <strong>para</strong>alguns autores, como Teixeira (2009), o que está em jogo ultrapassa aquestão da viabilida<strong>de</strong> técnica colocando em pauta a real possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação do sexo <strong>de</strong> homens transexuais, <strong>uma</strong> vez que o pênis a serconstruído não correspon<strong>de</strong> aos parâmetros <strong>de</strong> normalida<strong>de</strong>.Diante do que foi exposto, é possível perceber que as Portarias doMinistério da Saú<strong>de</strong> estão norteadas por um mo<strong>de</strong>lo biomédico enormativo segundo o qual a tran<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> seria <strong>uma</strong> patologiapsiquiátrica cujo tratamento é a a<strong>de</strong>quação do sexo ao gênero por meioda cirurgia <strong>de</strong> transgenitalização. Apesar do objetivo primário, <strong>de</strong> afirmara pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa experiência e a autonomia da pessoa tran<strong>sexual</strong> noque se refere à <strong>de</strong>cisão por modificações corporais do sexo (LIONÇO,2009), o processo tran<strong>sexual</strong>izador reproduz mo<strong>de</strong>los internacionais<strong>de</strong> assistência, utilizando mecanismos <strong>de</strong> controle e normatização <strong>para</strong>164

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