12.07.2015 Views

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

Psicologia e diversidade sexual: desafios para uma sociedade de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ela essa pergunta? Eu estou autorizado a fazer essa pergunta? O que emmim autoriza a fazer esta ou aquela pergunta?”.Há vários autores que falam <strong>de</strong> homofobia, caso queiram <strong>uma</strong><strong>de</strong>finição mais acadêmica sugiro consultarem a obra <strong>de</strong> Daniel Welzer-Lang 31 e a <strong>de</strong> Didier Eribon 32 . Mas há um documentário circulando nainternet (esse nosso gran<strong>de</strong> Parthenon) que eu sugiro a todos acessara partir do YouTube. Chama-se Parágrafo 175. Resumidamente, contaque, quando as forças aliadas chegaram ao campo <strong>de</strong> concentração,inclusive em Auschwitz-Birkenau, a população dita homos<strong>sexual</strong> — que,no caso <strong>de</strong> homens (sexo biológico), era marcada com um triângulorosa e, no caso <strong>de</strong> mulheres (sexo biológico), com um triângulo negro— não foi imediatamente libertada. Por quê? Porque o parágrafo 175do Código Prussiano, que só caiu em <strong>de</strong>suso na Alemanha em 1994,ainda vigorava. Tal parágrafo consi<strong>de</strong>rava a homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> umcrime. Assim, as Forças Aliadas, alegando respeito a àquele parágrafo,mantiveram, inicialmente, essas pessoas nos campos <strong>de</strong> concentração.Libertaram os ju<strong>de</strong>us, libertaram os negros, os ciganos e outras minorias,mas <strong>de</strong>ixaram os homossexuais lá, porque optaram por respeitar essalei. O que os autorizou, em pleno fim da guerra, a “respeitar essa lei”?Não creio ter sido, no fundo, a crença na valida<strong>de</strong> ou legitimida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssalei, mas sim o respeito à heteronormativida<strong>de</strong>. Ali, naquele momento,as Forças Aliadas optaram por punir os homossexuais por <strong>de</strong>srespeito aessa normativa heteros<strong>sexual</strong> assimilada, internalizada como lei. A que(ou a quem) serve essa lei? Essa norma, vivida como lei, serve ao projeto<strong>de</strong> Estado que se inicia com o cristianismo, mais especificamente com o<strong>de</strong>clínio do Império Romano. Porém, isso seria <strong>uma</strong> história <strong>para</strong> outramesa, mas é importante lembrar que a homos<strong>sexual</strong>ida<strong>de</strong> é <strong>uma</strong> práticaerótico-<strong>sexual</strong> que não resulta em procriação. Por isso, também, ela éameaçadora aos projetos <strong>de</strong> nação <strong>de</strong> diversos períodos históricos.Retomando o ocorrido na II Guerra Mundial, essa homofobiaestá encalacrada em nós, leva-nos a atos <strong>de</strong> horror como esse, queapren<strong>de</strong>mos a achá-la “normal”, pois natural. Estamos acost<strong>uma</strong>dos a31 Daniel Welzer-Lang. La face cachée du masculin. In: Michel Dorais, Pierre Duttey, Welzer-Lang (dir). La perus <strong>de</strong>l’autre en soi. Montreal, VLB, 1994.32 ERIBON, Didier (2008). Reflexões sobre a questão gay. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Companhia <strong>de</strong> Freud.59

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!